Civil
Para além da sua riqueza natural, o Concelho de Alcochete apresenta uma abundância de lugares, edifícios e solares que se distinguem pela sua beleza e história. Passeie por Alcochete e aprecie todo o património e arquitetura que caracteriza o Concelho.
Pela sua localização e pelo tipo de construção económica, este bairro era habitado predominantemente por gente ligada às atividades tradicionais, nomeadamente salineiros, marítimos e pescadores. Esta ocupação contrastava com o Largo de São João, habitado pela burguesia. Com uma forte raiz popular, o Bairro das Barrocas ainda hoje assenta em fortes e sólidas relações de vizinhança que são bem visíveis em épocas festivas, como é o caso das Festas do Barrete Verde e das Salinas.
A casa de António José Garrancho apresenta uma fachada revestida a azulejo monocromático.
No frontão sobre a mansarda, que remata a fachada, estão inscritas as iniciais A.J.G. e a data de 1921.
Constituída por dois pisos e revestida por azulejo verde, esta Casa foi mandada construir em 1923 por António Silva, um negociante associado ao abastecimento dos navios bacalhoeiros. As suas iniciais podem observar-se no frontão da fachada, bem como no portão que apresenta também a referida data.
Situada entre a Avenida da Restauração e o Largo Barão de Samora Correia, a Casa dos Beirados é um exemplo da estética revivalista da casa tradicional portuguesa. Ao observarmos a sua fachada podemos contemplar dois registos, em azulejo, alusivos à Nossa Senhora da Atalaia e à Virgem Coroada. Os beirais são o principal elemento decorativo, o que é comum em outras casas existentes no Núcleo Antigo.
A edificação da Casa dos Bustos remete para o início do século XX e esteve a cargo do mestre de música Joaquim José Carvalho. Para além do seu terraço adossado com uma balaustrada decorada com bustos em barro vermelho, alusivos a figuras de história nacional, a Casa dos Bustos é ainda caracterizada pela estátua de Mercúrio, ladeada por duas figuras femininas que rematam a fachada.
Mandada construída em 1912 por Joaquim Tomás da Costa Godinho, a Casa Moysém apresenta um conjunto de elementos decorativos num misto de neomanuelino e arte nova. No primeiro piso, destaca-se o janelão central de sacada com balaústres em pedra, emoldurado por colunas que sustentam um arco, sobre o qual se desenvolve um frontão, encimado pelo busto da República.
Solar construído em finais do século XVI por Gomes Netto Pereira. As alterações à traça quinhentista do edifício resultaram das obras realizadas no século XIX quando este passou a ser ocupado pela Câmara Municipal. A atual fachada neoclássica apresenta um conjunto de elementos decorativos sem paralelo na arquitetura da Vila, com um varandim de balaústres em pedra sobre o qual se desenvolve um frontão curvo apoiado em colunas e interrompido no centro pela estátua da República.
A edificação deste imóvel, que remonta para o século XV, sofreu profundas alterações na segunda metade do século XIX, que destruíram parte das estruturas do antigo solar. Atualmente, podemos contemplar um edifício com influência neoclássica. O seu piso superior apresenta janelas de sacada e um varandim corrido com guarda-corpos em ferro forjado. Sobre a platibanda balaustrada observam-se pinhas, vasos em cerâmica branca e estátuas, dando ao conjunto um aspeto oitocentista.
O terceiro barão de Samora Correia, Carlos Ferreira Prego, residiu neste Edifício e deixou em testamento à Misericórdia os imóveis, bem como alguns rendimentos para que aí fosse instalado um asilo para idosos e indigentes de Alcochete e Samora Correia. A decisão testamentária acabou por se cumprir. Ao edifício original foi acrescentado um segundo piso. O conjunto é constituído por dois elementos que correspondem ao asilo e ao antigo hospital. Ambos apresentam fachadas neoclássicas decoradas com pilastras e frontões.
Localizados predominantemente junto às margens do rio Tejo, os moinhos de vento existem desde o século XVI e, muitos deles, estavam ligados à moagem de cereais ou à elevação de água nas marinhas de sal. No lado oeste da Vila, no Cerradinho da Praia, podemos ainda observar dois moinhos de vento desativados.
O pelourinho de Alcochete, distintivo da autonomia administrativa do Concelho, é contemporâneo do Foral concedido por D. Manuel I em 1515. O fragmento que integra a exposição permanente no Núcleo Sede do Museu Municipal é constituído por parte do fuste espiralado, o qual é decorado com elementos em relevo dos quais se destacam a vieira e a cruz da Ordem Militar de Santiago de Espada, salientando a importância da Ordem na administração da Vila.
![]() |
![]() |
Durante séculos o Poço de São João foi o principal ponto de abastecimento público de água da Vila. A referência escrita mais antiga data de 1498: “Há na ditta villa [Alcochete] hum poço que se chama de Sam Joam […]”. O largo que lhe serve de morada, o Largo de São João, era em 1763, designado por Terreiro do Poço Velho, testemunhando a antiguidade da estrutura.
A modernização do sistema público de abastecimento de água levou à sua desativação e entulhamento na década de 40 do séc. XX. À época, o Poço apresentava uma coluna, com uma bica que vertia para duas pias em pedra. Duas rodas paralelas em ferro permitiam a bombagem manual da água.
O largo perdeu assim uma das mais carismáticas referencias do quotidiano dos alcochetanos, sobrevivendo a sua imagem na memória dos poucos que ainda o recordam e em algumas fotografias da época.
No Verão de 2009, “Ano das Memórias do Concelho”, a Câmara Municipal de Alcochete recuperou o Poço e devolveu-o aos nossos olhares enquanto elemento simbólico da História da Vila. A escavação pôs a descoberto a sua primitiva boca, com 2,4m de diâmetro, delimitada por lajes que restam ao nível da cota do antigo largo.
É visível o revestimento, com um anel de silhares calcários, a que o Poço primitivo foi sujeito, seguramente para reforço da sua estrutura original, reduzindo o seu diâmetro para 1,8m. Detetaram-se também dois pontos de descargas de águas residuais com respetivas caleiras de drenagem.
A intervenção da Autarquia, que visou a recuperação do Poço, não integrou a reconstituição da estrutura à data da sua desativação.
Para evitar possíveis conflitos com o atual arranjo arquitetónico do largo, criou-se uma estrutura metálica envidraçada, rasa, permitindo circular e observar simultaneamente o interior do Poço. Essa mesma estrutura metálica sobrepõe a orientação da antiga plataforma quadrada que sobrelevava as cantarias que caracterizavam o poço na sua última fase.
O Poço de São João está intimamente associado ao imaginário afetivo e identitário de Alcochete, constituindo um importante património local, sendo glosado por poetas e cantado por fadistas.
Segundo a sabedoria popular: “quem bebesse desta água, nunca mais saía de Alcochete”.
A antiga Casa dos Pattos foi mandada construir no século XVII por Fernão Patto Correia, capitão-mor do Ribatejo, e desde a sua fundação, esteve sempre associada a personalidades da história local e nacional. D. Pedro II (1683 – 1706), D. João V (1707 – 1750) e o Infante D. Francisco hospedaram-se neste Solar aquando das suas estadias em Alcochete. Neste conjunto, destaca-se a fachada principal, de dois pisos, com portas e janelas equidistantes no piso térreo, a que correspondem janelas de sacada em cantaria com varandins em ferro forjado no piso superior.
O Aposento do Barrete Verde surgiu em 1944 e foi fundado com o objetivo de organizar as Festas do Barrete Verde e das Salinas. Na sede do Aposento do Barrete Verde podemos encontrar uma exposição permanente, com um espólio constituído por objetos, trajes, fotografias e peças artísticas alusivas à tauromaquia, bem como de duas salas dedicadas ao cavaleiro e ao salineiro.
O Solar de Estêvão Oliveira é um dos solares quinhentistas de Alcochete que, ao longo dos séculos, foi reconstruído e adaptado ao gosto da época reunindo assim uma variedade de estilos arquitetónicos.
Situado entre o Largo da Misericórdia e a Avenida D. Manuel I, encontramos o antigo Solar dos Netos, um edifício que assenta em estruturas do século XV. Na sequência das obras de recuperação realizadas em 2003, foi possível proceder a uma intervenção arqueológica, tendo sido identificados vestígios das estruturas datadas do séc. XV, comprovando assim a cronologia apontada, bem como cerâmica de luxo, como porcelanas, faianças e um conjunto de de moedas de D. João I datadas de 1433.
A fachada desta casa térrea, com águas-furtadas, encontra-se revestida de azulejos padrão, com inspiração hispano-mourisca, rematados por um friso arte nova com pombas e grinaldas. Nesta vivenda, as janelas encontram-se protegidas por venezianas, um elemento decorativo de cariz urbano que combina na perfeição com as características arquitetónicas tradicionais do edifício.
O núcleo urbano da Vila do Samouco também apresenta um conjunto de construções tradicionais, muitas das quais datadas do século XIX. Para além das casas de habitação, a Vila é rica em quintas agrícolas, tais como a Quinta do Braga (atualmente ocupada pela Junta de Freguesia) e a Quinta de São Brás que revelam a comodidade do habitat rural.
Na Rua Rui Sousa Vinagre encontramos a Casa do Mirante. Um edifício revivalista do início do século XX que se desenvolve em torno de uma torre octogonal de quatro pisos, profusamente decorada com azulejos e ferros forjados.