Luísa Ortigoso enche núcleo de arte sacra com “Testamento”

Luísa Ortigoso estreou em Alcochete “Testamento” de Colm Tóibín, numa produção da Associação Teatro Livre, que encheu, no passado fim de semana, em cada uma das três sessões agendadas, o núcleo de arte sacra do Museu Municipal de Alcochete.
Com direção e espaço cénico de Beto Coville, música e execução de Davide Zaccaria, a atriz apresentou Maria como mulher e mãe, afastando-a do conceito de figura bíblica, que no seu esforço para dizer a verdade sobre a morte brutal do seu filho Jesus, emerge lentamente como uma figura de imensa estrutura moral.
“Foi muito emocionante, primeiro por ter sido a primeira vez que conseguimos estrear um espetáculo em Alcochete, que era um sonho antigo da Teatro Livre, que está sediada em Alcochete (…) e porque fomos recebidos por este público de uma forma muito calorosa, as pessoas aderiram ao espetáculo de uma forma que eu não esperava”, confessou a atriz.
“Neste texto Colm Tóibín decidiu pensar do ponto de vista da Maria como mãe e como mulher e não como santa, ou seja, dessacraliza-se um bocadinho a mãe de Jesus e a forma como aquela mulher, aquela mãe, encarou toda aquela história e toda a dor”, sublinhou Luísa Ortigoso, que acrescentou ainda que: “Eu creio que é isso que faz com que as pessoas aderiram tanto ao espetáculo e de uma forma tão emotiva”.
“É o resgate do feminino numa história contada por homens durante séculos e séculos”, concluiu.
Depois do sucesso da estreia em Alcochete, “Testamento” prepara-se para seguir em digressão pelo país.