Assimetrias na prestação de cuidados de saúde afectam população de Alcochete
“Como estamos de saúde?” foi o tema da audição pública promovida pela Câmara Municipal da Moita, que contou também, no primeiro painel intitulado “A perspectiva do Poder Local Democrático”, com a participação do Presidente da Câmara Municipal da Moita, Rui Garcia, da Vereadora dos Assuntos Sociais da Moita, Vivina Nunes, e da Vereadora da Intervenção Social da Câmara Municipal do Barreiro, Regina Janeiro.
A sessão teve início com a intervenção do Presidente da Câmara Municipal da Moita que saudou a plateia composta por autarcas e responsáveis por várias instituições do concelho, referindo que a audição pública está integrada no “Roteiro da Saúde”, uma iniciativa que decorre há dois meses e que consta de um conjunto de contactos com as instituições de saúde locais e regionais e sindicatos do sector da saúde para “conhecer mais directamente e localmente a situação dos cuidados de saúde” no município da Moita.
Rui Garcia destacou a dedicação e empenho dos profissionais de saúde, os problemas estruturais do Serviço Nacional de Saúde, as fragilidades dos equipamentos de saúde locais e a falta de médicos e de enfermeiros no concelho da Moita, onde existem mais de 20 mil utentes sem médico de família.
A Vereadora da Saúde da Câmara Municipal de Alcochete salientou que no concelho de Alcochete 35% da população não tem médico de família e que “no início da década de 90, o Centro de Saúde de Alcochete tinha quatro Extensões de Saúde, quando hoje apenas tem duas, uma na Freguesia de Samouco, outra no lugar do Passil”, lembrando ainda que a Câmara Municipal tudo fez para manter em funcionamento a Extensão de Saúde de São Francisco.
“Conseguimos no mandato anterior inaugurar uma nova Extensão de Saúde em Samouco”, mas “a Câmara Municipal ainda não foi ressarcida deste investimento”, disse a autarca, referindo que “não sendo uma área de competência das câmaras municipais, na verdade são as câmaras municipais que, estando ao lado das populações, mais de perto sentem e tentam procurar respostas para satisfazer as necessidades essenciais e básicas da população”.
Susana Custódio criticou ainda a empresarialização na área da saúde ao mencionar os vínculos precários dos “médicos de empresa”, situações “que conduzem a desigualdades e assimetrias, infelizmente, cada vez mais acentuadas” para a população e saudou as comissões de utentes, “porque só conjugando esforços vamos conseguir travar e inverter este caminho”.
No que respeita ao concelho de Alcochete, ´”os utentes por médico de família ultrapassam em larga medida o rácio definido: em Alcochete há um médico para 2.324 utentes, quando o rácio definido é de um médico para 1.666 utentes”, em 2008, o Serviço de Atendimento Permanente (SAP) do Centro de Saúde de Alcochete, que funcionava das 8h00 às 20h00, foi substituído pelo Atendimento Complementar, com um horário mais reduzido, e em 2010 encerrou a Extensão de Saúde na Freguesia de São Francisco.
A audição pública na Moita terminou com a apresentação e discussão de um segundo painel, sobre a temática da “Importância do Serviço Nacional de Saúde: as perspectivas dos utentes e dos trabalhadores”.