Fadista Mafalda Arnauth cativa público nas Festas de Alcochete
“Por onde me levar o vento” foi o fado de abertura do espectáculo de Mafalda Arnauth numa noite algo ventosa no Largo de São João, em Alcochete, que lhe provocou de imediato o comentário de que “o mar está bravo”, contrariedade logo esquecida com a vivacidade do “Hortelã Mourisca”.
“Este concerto é uma passagem por todas as minhas raízes, as minhas referências no fado e por tudo aquilo que elas me inspiraram”, disse Mafalda Arnauth, que esteve acompanhada pelos músicos Luís Guerreiro (guitarra portuguesa), Nelson Aleixo (viola de fado), Fernando Júdice (baixo acústico) e Ramón Masqueo (guitarra clássica).
"Foi Deus", “A Rosinha dos Limões”, “A Casa da Mariquinhas” e “Flor de Verde Pinho” foram alguns dos temas clássicos cantados em Alcochete que evocaram famosos poetas e fadistas portugueses e que também tiveram o acompanhamento do público.
Muito comunicativa e de uma extrema simpatia, Mafalda Arnauth lembrou “duas senhoras muito queridas: Fernanda Baptista e Júlia Mendes”, pediu aplausos para Max, Vasco de Lima Couto e Beatriz da Conceição quando cantou o fado “Pomba Branca” e dedicou um fado da sua autoria, “O Mar Fala de Ti” “a uma pessoa muito especial de Alcochete: João Ferreira-Rosa”.
Satisfeita por estar nesta vila ribeirinha, uma terra com pergaminhos no fado como lembrou no início do seu espectáculo, Mafalda Arnauth agradeceu ao público que encheu o Largo de São João. “Vim a correr do Algarve, vou a correr a seguir, mas vou de alma cheia”, disse.
A animação nos diversos palcos, a saída de toiros da vila, o arrear das bandeiras, o espectáculo de luz e som na zona ribeirinha e a surpresa de mais uma largada sucederam-se pela noite fora na certeza de que o Barrete Verde e Salinas são umas festas castiças, com muito convívio e muita juventude e que, de ano para ano, deixam sempre um sentimento generalizado de saudade.
Destacamos ainda que durante as Festas do Barrete Verde e Salinas teve início a época de exploração do sal na Salina do Brito, em Alcochete, local onde existe um núcleo museológico dedicado à salicultura que ontem foi visitado por mais de três dezenas de pessoas.