Sessão Solene homenageia Revolução de Abril de 1974
Perante um Salão Nobre repleto, o Presidente da Assembleia Municipal, Miguel Boieiro, deu início à sessão com a reedição de um discurso proferido há vinte e quatro anos.
“Eis que trouxe à tona um texto que escrevi há vinte e quatro anos. Nessa altura, a luta contra o fascismo estava quente nos sentimentos e nas emoções dos cidadãos”, justificou.
Miguel Boieiro apresentou uma resenha histórica sobre o 25 de Abril e recordou o amanhecer desta madrugada que marcou a história de Portugal: “Neste país em que escassos tinham voto, houve sempre optimistas que acreditaram que, algum 25 de Abril seria possível e quando amanheceu (…) rebentou no nosso peito uma ânsia de intervir, de fazer, de construir e de recuperar o tempo perdido”. “Nas fábricas, nos campos do Alentejo, nos bairros degradados, nas colectividades e nas autarquias cresceu uma vontade colectiva, plena de esperanças”, recordou.
À semelhança do que se verificou há trinta e cinco anos, Miguel Boieiro referiu a importância de manter o ânimo e o optimismo numa altura em que o país atravessa um período crítico.
“A situação de milhares de famílias desesperadas pela miséria que lhes bate à porta, de uma juventude que quer trabalhar e não obtém emprego, que quer construir família e não consegue casa, de idosos com reformas de vergonha confere um quadro negro ao país real em que vivemos, mas, longe de nos desanimar, este quadro acalenta a nossa revolta contra os oportunistas e determina a vontade de lutarmos em unidade para vencermos as dificuldades do presente”, referiu o autarca.
Com optimismo, o Presidente da Assembleia Municipal concluiu que: “apesar das dificuldades que nos impõem, estamos convictos de que existem condições objectivas para retomar os ideais de Abril prosseguidos com unidade e firmeza rumo ao futuro que merecemos. Foi isto que proferi há vinte e quatro anos e que me atrevi a repetir hoje”.
Os representantes dos partidos políticos que têm assento na Assembleia Municipal, nomeadamente Jorge Silva (PSD), Luís Rodrigues (PS) e Jorge Giro (CDU) também intervieram nesta cerimónia alusiva ao 35.º aniversário do 25 de Abril.
O Presidente da Câmara Municipal encerrou o ciclo das intervenções com um discurso que, apesar de reflectir sobre o passado, espelhou a importância de unir esforços para o futuro que se avizinha.
“Estamos hoje a celebrar Abril, os seus construtores e todos aqueles que lhes seguiram. Homens e mulheres, muitos deles gente simples e anónima, que contribuíram de forma inestimável para a edificação de um País livre e fraterno”, referiu Luís Miguel Franco.
Apesar das conquistas alcançadas, e num balanço dos 35 anos do 25 de Abril, o Presidente da Câmara Municipal considera que “Abril não foi cumprido integralmente, é uma tarefa inacabada”. “Assistimos a uma grave crise económica e financeira com brutais consequências nas condições de vida dos cidadãos”, referiu.
Para o autarca, a construção do verdadeiro Abril só será possível com a contribuição de todos: “Queremos o Abril onde os poderes públicos garantam a saúde, a escola pública, a segurança social, o trabalho com direitos e melhores salários”.
Na procura de um futuro melhor, e para prosseguir com o sonho traçado em Abril de 1974, o Presidente da Câmara Municipal salientou que o Município de Alcochete se prepara para novos desafios e investimentos públicos que, por seu lado, vão colocar também “novas responsabilidades à gestão autárquica, obrigando os Municípios a participarem activamente na procura de melhores soluções”.
Consciente destas mudanças, Luís Miguel Franco adiantou que: “o Município de Alcochete tem procurado de forma activa concertar com os parceiros, públicos e privados, princípios e objectivos estratégicos que consideramos preponderantes”.
Para afirmar o Município de Alcochete num plano não só regional, mas também nacional e internacional, o autarca elencou um conjunto de objectivos a atingir e que passam pela valorização do património natural existente, por dotar o Concelho com mais equipamentos urbanos e melhores acessibilidades, pela promoção da inovação e do desenvolvimento tecnológico no território, pelo reforço da identidade cultural através da educação, pela promoção da saúde, pela integração e pela garantia da segurança das populações.
Durante a sua intervenção, o Presidente da Câmara frisou a importância do ano de 2009, uma vez que estão em agenda política três actos eleitorais.
“Abril exige uma participação activa e consciente dos cidadãos e dos responsáveis políticos nos seus fóruns públicos de discussão onde a troca de ideias é fundamental, tendo como propósito a valorização da política, dos políticos e da cidadania”, disse.
A Sessão Solene terminou com um apontamento musical dedicado a Zeca Afonso que ganhou expressão na voz de José Carita.
Discurso, na íntegra, do Presidente da Câmara Municipal