Jorge Serafim diverte público com sessão de contos na Biblioteca
“A tia miséria”, da colectânea de Teófilo Braga, e uma versão adaptada da “História da Carochinha” foram dois dos vários contos narrados por Jorge Serafim que despertaram a atenção e as risadas de miúdos e graúdos numa tarde inesquecível.
Natural de Beja, Jorge Serafim iniciou há 15 anos a sua actividade como contador de histórias na Biblioteca Municipal da sua cidade natal e hoje dedica-se em exclusivo a esta actividade, percorrendo as bibliotecas e os auditórios culturais de todo o país.
“Interessa-me fundamentalmente aqueles contos que me resolvem, que me esclarecem perante a vida e nesse sentido procuro contos de todo o mundo: árabes, portugueses, espanhóis, franceses, africanos (que adoro), orientais…”, sublinha o contador de histórias, também conhecido pela sua faceta de humorista e contador de anedotas.
Jorge Serafim sublinha a imensidade de contos que estão por contar e o ressurgimento dos contadores de histórias no nosso país. Cita os nomes de António Fontinha, Ângelo Santos e muitos outros para ilustrar o renascimento da tradição oral.
“Esta apetência pela narração oral está a ressurgir e curiosamente onde quer que vamos temos as casas cheias, esgotadas”, comenta. “Numa sociedade altamente transformada pela imagem assiste-se a um crescer desta apetência pela palavra nua e crua”, sublinha.
Na sua opinião, são iniciativas como as sessões de contos e “acima de tudo iniciativas que tentem envolver a escola e a comunidade, os pais e os filhos” que contribuem para cativar os jovens para as bibliotecas.
Autor de dois livros de poesia e com um especial gosto pelo movimento surrealista, Jorge Serafim considera que o povo português aprecia o humor e a boa disposição. “Ao contrário do que se diz, de que o povo português é deprimido, eu acho que tem alegria, que gosta muito de conviver e de comer bem…Temos muito fado e muita saudade, mas também temos esse lado alegre”, afirma.
Entrevista com Jorge Serafim