Impactos da Ponte Vasco da Gama em debate no Fórum Cultural
A conferência reuniu cerca de uma centena de empresários e cidadãos holandeses que estão em Portugal, através da Câmara de Comércio Portugal-Holanda, e que se deslocaram a Alcochete para conhecer o território e perceber o impacto da Ponte Vasco da Gama ao nível ambiental e do desenvolvimento do Concelho.
Em representação da Câmara Municipal, o Engenheiro Vítor Carvalheira centrou a sua intervenção nas alterações identificadas no Concelho dez anos após a construção da Ponte Vasco da Gama, em termos de melhorias das acessibilidades do Concelho, da reanimação do mercado imobiliário e do crescimento da população de Alcochete.
Apesar de beneficiar de uma extraordinária localização frente ao “Mar da Palha” e de um património construído apreciável, as precárias condições de acessibilidades condicionaram, até 1998, o crescimento de Alcochete, contrastando com o verificado nos municípios vizinhos.
No entanto esta conjuntura desfavorável teve um efeito positivo que se traduziu na manutenção do núcleo antigo da vila de Alcochete, na sua génese essencial, resistindo desta forma à onda de urbanismo selvagem que inundou outros municípios da região.
A segunda travessia do Tejo colocou Alcochete a pouco mais de 20 km de Lisboa, quando até 1998 era preciso percorrer cerca de 30km, teve um impacto directo na construção de instalações de várias empresas no Município, centenas de fogos e diversas superfícies comerciais, e a população cresceu entre 1991 e 2001, cerca de 28%, sendo a população estimada em 2008 de aproximadamente 17 000 habitantes, contra os pouco mais de 10 000 em 1991.
Actualmente, é possível afirmar que a expansão urbana fez-se de forma moderada e seguiu padrões de média e baixa densidade, foram preservados, e nalguns casos recuperados, espaços naturais incluídos na zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo, manteve-se a área florestal ao abrigo da expansão urbana e, em simultâneo, deu-se consistência aos aglomerados urbanos existentes – objectivos consagrados no primeiro PDM, que entrou em vigor meses antes da inauguração da Ponte Vasco da Gama, e cuja revisão está ainda em curso.
Na segunda apresentação da manhã o Arquitecto Ricardo Espírito Santo, em representação do ICNB, explicou a estrutura e funcionamento do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade e apresentou de forma exaustiva os Parques e Reservas Naturais existentes em Portugal Continental, com destaque para a Reserva Natural do Estuário do Tejo, uma das mais importantes zonas húmidas da Europa Ocidental e local de nidificação de espécies protegidas.
O arquitecto deu ainda enfoque na sua apresentação ao aumento de áreas protegidas a nível nacional e o trabalho desenvolvido ao longo dos anos para aumentar a área protegida em Portugal Continental.
Após a conferência seguiu-se uma visita guiada ao Pólo Ambiental do Sítio das Hortas, local onde os participantes puderam apreciar a flora e a avifauna existente em território inserido na Reserva Natural do Estuário do Tejo.