Feira d´Alcochete registou um assinalável êxito
A Câmara Municipal de Alcochete, a Junta de Freguesia de Alcochete, a Associação Equestre de Alcochete, a Associação Tempo Equestre, o Grupo de Forcados Amadores de Alcochete, o Grupo de Forcados Amadores do Aposento do Barrete Verde, a Casa da Malta, a Herdade da Barroca D´Alva e as empresas Toiros e Tauromaquia e Libertas integraram a Comissão organizadora e uniram esforços para concretizar um evento com tradição no concelho, mas cujo modelo se encontrava esgotado.
Para João Neto, actual presidente da Associação Equestre de Alcochete, “em boa hora, a Câmara Municipal e as demais entidades se mostraram dispostas a participar na organização da feira” porque a Direcção desta associação queria “melhorar a Feira mas sozinha não tinha possibilidades”.
Para o Vereador da Cultura do Município de Alcochete, esta edição da “Feira d`Alcochete “deu corpo à ideia de que Alcochete tem efectivamente um capital simbólico muito forte sobre o qual pode assentar não só a manutenção dos laços identitários de Alcochete, como o desenvolvimento de outras potencialidades de carácter económico associadas a este capital simbólico”.
Para Paulo Machado, devemos distinguir três aspectos distintos neste capital simbólico de Alcochete: “o reconhecimento dos alcochetanos do profundo enraizamento dos seus laços culturais, associados à festa brava; a dimensão geográfica de Alcochete, com a sua relação com a campina, a lezíria e o rio, que lhe dá um carácter místico; e a expectativa do que pode ser o futuro de uma terra com esta dimensão e estas características”.
Segundo o autarca, a “Feira d`Alcochete significou por isso uma aposta pensada, estudada, discutida e partilhada com um conjunto de parceiros que fizeram com que esta feira fosse um sucesso porque partiu de uma reflexão prévia no sentido de se pensar o futuro da Feira do Cavalo”.
“Envolveu-se as pessoas, ouviram-se as opiniões e definiu-se assim uma razão para a Feira: o seu conceito, os seus valores, a sua missão, a sua organização, o seu enquadramento e do resultado de um trabalho pensado resultou uma iniciativa autêntica, genuína e digna”, salientou o responsável da Cultura.
Paulo Machado referiu ainda que a introdução de uma entrada com valor simbólico ao recinto da Feira, cuja receita reverte para a Cercima, representa “a dimensão solidária da Feira d`Alcochete” e “mostra que este tipo de certames podem e devem ter um papel de integração e contribuir para comunidade”.
Para o autarca, os objectivos traçados foram largamente ultrapassados, muito embora hajam aspectos a melhorar e a somar à responsabilidade social do evento deverá ser introduzida na próxima edição a responsabilidade ecológica no sentido da realização de uma Feira mais amiga do ambiente.
“Encontrámos a fórmula e os parceiros certos e acho que um aspecto muito particular desta Feira d´Alcochete é que conseguimos ter vários mundos, que não se costumam cruzar, em presença, em diálogo e em confraternização solidária e fraterna”, referiu Paulo Machado. “Foi uma Feira que nos dignificou”, concluiu o autarca, no seu balanço sobre a Feira d´Alcochete … do Cavalo, do Fado e do Forcado.
No palco no exterior do recinto, a Feira d´Alcochete contou com três grandes espectáculos: o concerto da Banda da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro, o musical “Fado… Esse Malandro Vadio” com destacados artistas nacionais, e a “Ibéria Horse Gala” que constituíram grandes motivos de atracção para os visitantes.
Com um novo e original visual de casetas construídas com paletes e tipicamente decoradas ao gosto dos participantes, o recinto da Feira acolheu uma actividade cultural intensa com vários espectáculos de folclore, fado e flamenco, a par dos vários locais onde foi possível petiscar, beber uma cerveja ou saborear licores e bolos tradicionais.
A Casa da Malta, uma tertúlia alcochetana que promove a festa brava e o fado nas suas actividades de confraternização e convívio, marcou presença com uma constante animação na sua caseta. “A Feira d´Alcochete … do Cavalo, do Fado e do Forcado este ano teve mais valor e mais relevo do que nas edições anteriores e a Casa da Malta deu muito colorido à Feira”, disse Augusto Madeira, presidente da Direcção da colectividade. “A Casa da Malta é uma instituição voltada para o fado, que apoia a festa brava e somos aficionados pelo touro e pelo cavalo e por conseguinte estamos bem integrados na Festa d´Alcochete”, acrescentou o dirigente associativo. Na sua opinião, “foi uma feira espectacular e toda a gente em Alcochete gostou”.
As actividades e provas equestres decorreram em simultâneo, desde a realização da prova da vaca que foi ganha pela equipa de David Nobre, os passeios de charrete para os alunos das escolas, as provas de derriba e picaria que contaram com 25 participantes na Barroca d´Alva, a demonstração de equitação terapêutica pela Academia Equestre João Cardiga, a novidade do Concurso de Modelo e Andamentos, com participação do júri da Associação Portuguesa de Criadores de Cavalos Lusitanos, os dois raids numa zona de antigas salinas, o Derby de Atrelagem que este ano contou, pela primeira vez em Alcochete, para o Campeonato Nacional da modalidade e em que foram vencedores João Dinis (na categoria de parelhas), Carla Dinis (singulares) e Mónica Neto (póneis), as cavalhadas, a demonstração da arte do forcado, o Concurso do Traje Português de Equitação, com a participação do distinto Professor Gorjão Clara, o cortejo equestre pelas ruas da vila, a demonstração de horseboll pelo Colégio Vasco da Gama e de equitação de trabalho pelo cavaleiro Gilberto Filipe foram eventos que marcaram esta edição da Feira d´Alcochete… do Cavalo, do Fado e do Forcado.
Também Manuel Mesquita, presidente da direcção da Associação Tempo Equestre, considerou que “foram alcançados todos os objectivos que queríamos não só porque conseguimos oferecer ao público momentos muito bem passados, mas também de grande qualidade, não só ao nível dos espectáculos, mas de todas as actividades que as casetas proporcionaram aos visitantes”. Para o dirigente associativo, “este projecto é de repetir e a de a Câmara repensar muito bem em melhorar e expor ainda mais não só localmente, mas a nível nacional”.
“Já participo na Feira do Cavalo há 7 ou 8 anos e não há dúvida de que esta feira foi um sucesso”, referiu o Coronel José Miguel Cabedo, um dos elementos que integraram a Comissão organizadora. “Não quer dizer que nas outras edições não se tenha trabalhado tanto ou mais do que nesta, só que a verba era muito reduzida e fazia-se o que era possível. Desta vez, com uma ajuda da Câmara mais avançada pudemos ver esta feira à base da palete, mas em que todas as casetas se empenharam em decorar, principalmente aquelas que têm um toque feminino”, salientou.
“Acho que se está no bom caminho, há muita coisa para mudar, para fazer melhor mas acho que este ano foi um sucesso”, afirmou Fernando Pessoa, que esteve presente no certame em representação da sua coudelaria, criada há 12 anos para dar resposta à sua paixão pela criação dos cavalos, herdada do avô materno, que foi campino da Casa de Rio Frio, do Eng.º José Lupi.
Gemma van Dijk, gestora do Centro Lusitano do Monte de Pancas, também tem uma opinião favorável da Feira d´Alcochete. “Para mim esta feira tem muito nível. Sou criadora de cavalos lusitanos, dou aulas individuais e tenho uma casa de turismo rural, mais utilizada por estrangeiros, pessoas interessadas em conhecer esta zona e o dia-a-dia com os cavalos, montar e fazer excursões”, referiu a holandesa que visitou Portugal pela primeira vez em 1976 e que se apaixonou pelo nosso país e agora por Alcochete.
“É a primeira vez que venho à Feira em Alcochete mas pelo que me apercebi pareceu-me estar bastante interessante e bem organizada”, afirmou João Pedro Martins, da Coudelaria Cavalo Isabel, de Vendas Novas.
Para Mónica Silva, responsável técnica do Picadeiro Quinta da Horta na Fonte da Senhora, que desenvolve uma grande actividade na área da equitação terapêutica, “a Feira decorreu dentro do pavilhão e não no exterior”. Na sua opinião, a equitação e este tipo de feiras devem servir para mudar as mentalidades no sentido da valorização da arte equestre e do cavalo.
Para José Pinto, membro da Direcção da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898, a Feira d´Alcochete “foi muito bonita e esteve muito melhor do que no ano passado”. “Não tem nada a ver uma coisa com a outra”, acrescentou.
Para o jovem Kevin Rodrigues, que assumiu há dias a presidência do Clube Taurino de Alcochete e que acompanhou Lúcia Mourinho do Grupo “A mi manera” no espectáculo de flamenco na inauguração da Feira, o evento foi “um sucesso” em termos de organização, “muito pela participação da Câmara Municipal”. Na sua opinião, “toda a gente se uniu e a ideia das casetas deu mais ânimo e espírito à Feira”.
Amália Teles, que desenvolve a sua actividade na restauração local, esteve na Feira d`Alcochete com uma caseta muito bem decorada a vender doçaria regional com destaque para o arroz doce e as fogaças. “Desde que haja festa gosto de participar, é sempre saudável”, afirmou. Tem uma opinião “muito boa, positiva” da Feira d´Alcochete, muito embora considere que se pode sempre melhorar algumas pequenas coisas.
“Para mim foi uma surpresa enorme e não esperava a adesão do público, que teve que pagar a entrada. Deus queira e todos nos queiramos que para os próximos anos melhore ainda mais do que este ano, que já foi muito bom”, foi o comentário de António Pinto, um dos três promotores da área de restauração no recinto da Feira.
Também para o artesão Carlos Correia, que esteve na Feira a vender as suas esculturas feitas com fragmentos de cerâmica recolhidos na zona ribeirinha de Alcochete, o evento foi “muito positivo e bem sucedido”.
“O ano passado estivemos presentes na Feira mas não tem nada a ver com este ano. Havia três ou quatro stands e este ano está muito boa, uma diferença abismal. O saldo para nós é extremamente positivo em termos de vendas, do público e de organização”, referiu Sofia Almeida, sócia gerente da empresa Lés-a-Lés, que comercializa produtos regionais nas feiras de todo o pais, com destaque para a ginjinha de Óbidos em chávena de chocolate, com sede no Estoril.