Desenhos de Álvaro Cunhal expostos no Fórum Cultural de Alcochete
Luís Miguel Franco, Presidente do Município, Paulo Alves Machado, Vereador da Cultura e José Casanova, membro do Comité Central do Partido Comunista Português presidiram à inauguração da exposição, cerimónia que contou com a presença do Presidente da Assembleia Municipal, dos vereadores e dos presidentes das Juntas de Freguesia de Alcochete e de Samouco.
O Presidente do Município destacou a concretização desta iniciativa no âmbito das comemorações do 25 de Abril em Alcochete que vão incluir também outros eventos culturais, desportivos e políticos.
“Este é um momento importante porque sendo o primeiro momento de comemoração dos 35 anos da revolução do 25 de Abril de 1974, marca também a inauguração da exposição de trabalhos de Álvaro Cunhal e tem uma dimensão política e uma dimensão artística”, referiu Luís Miguel Franco, para quem “quaisquer adjectivos que pudessem ser hoje proferidos em relação à pessoa e à figura de Álvaro Cunhal seriam manifestamente insuficientes”.
O autarca acrescentou que as pessoas presentes na iniciativa também “evocam o Poder Local Democrático que nasceu após a revolução do 25 de Abril de 1974”, na medida em que os autarcas “só exercem estas funções com a legitimidade que lhe é dada pelo voto popular porque muitos homens, incluindo Álvaro Cunhal, lutaram durante os 48 anos da ditadura fascista, que muito coarctou os direitos, as vontades e as liberdades do povo português”.
“Evocando o nome, a obra e a dimensão política de Álvaro Cunhal, evoca-se também a liberdade e a vontade, que ainda hoje permanece, de um povo ser mais feliz”, disse o Presidente do Município de Alcochete. “Não somos ainda felizes mas, como dizia também Álvaro Cunhal, a luta continua e esse momento de felicidade há-de chegar”.
Por seu turno, José Casanova, do PCP, felicitou a Autarquia por ter iniciado as comemorações do 25 de Abril com a realização desta exposição. “É um bom ponto de partida para comemorar estes 35 anos em que vivemos em liberdade, depois de 48 anos de fascismo”, disse.
Sobre a exposição, José Casanova destacou dois aspectos: o conceito de arte de Álvaro Cunhal e o facto dos desenhos expostos terem sido feitos durante os 11 anos em que o dirigente comunista esteve preso na penitenciária de Lisboa e no forte de Peniche. “O Álvaro esteve 9 anos na prisão isolado, sozinho, em condições terríveis de isolamento, de repressão muito violenta”, referiu.
“Vão verificar nestes desenhos do Álvaro o seu conceito estético, em que aliada a uma preocupação muito grande do ponto de vista formal, ele junta a isso uma enorme preocupação social”, acrescentou, recordando “a luta diária” de Cunhal pelo reconhecimento dos seus direitos enquanto preso.
O membro do PCP lembrou ainda as obras que Álvaro Cunhal iniciou na prisão: o romance “Até amanhã camaradas”, que começou por se chamar “A mulher do lenço preto”, as cartas publicadas nas “Obras Escolhidas”, a tradução de “O Rei Lear” de Shakespeare, vários textos, agora publicados, sobre Darwin, e outros textos teóricos de reflexão política e ideológica.
Segundo José Casanova, os desenhos da autoria de Álvaro Cunhal representam, ao mesmo tempo, “o seu conceito de arte” e a “sua luta diária na prisão, onze anos de afirmação de uma coragem singular em que, muitas vezes, ele é colocado entre a questão de ceder ou arriscar-se a tudo. E ele nunca cede”.
A exposição patente no Fórum Cultural de Alcochete apresenta desenhos, criados entre 1951 e 1958, publicados em Dezembro de 1975 pela Editorial Avante com o título “Desenhos de Prisão”.
Patente ao público até 19 de Abril de 2009, esta exposição tem entrada livre e pode ser vista de 2.ª a 6.ª feira, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00, sábados e Domingos, das 14h00 às 18h00. Encerra nos dias feriados.