Autarquia e munícipes debatem desafios para Alcochete até 2025
Subordinado à temática “Que desafios para o Concelho de Alcochete?”, a Câmara Municipal realizou na passada sexta-feira, dia 3, no Fórum Cultural, o primeiro debate para a elaboração do Plano Estratégico de Desenvolvimento de Alcochete. A sessão, que contou com a participação do professor Augusto Mateus, registou uma elevada participação do público que contribuiu, desta forma, para a definição de uma visão e estratégia para o Município de Alcochete.
O Presidente da Câmara Municipal, Luís Miguel Franco, deu início a este debate com um enquadramento alusivo ao posicionamento territorial do Concelho, ao seu desenvolvimento geográfico e às novas acessibilidades que provocaram uma nova dinâmica territorial e que implicam “um correcto planeamento e ordenamento do território visando o desenvolvimento sustentado do Município de Alcochete”.
Durante a sua intervenção, Luís Franco frisou que face às novas realidades e desafios, como a localização do NAL no Campo Tiro de Alcochete, a Plataforma Logística do Poceirão, a Nova Ponte Barreiro /Chelas, a Rede de Alta Velocidade e as novas acessibilidades rodo e ferroviárias, a Autarquia tem vindo a desenvolver um conjunto de instrumentos de planeamento.
“Perante estes enormes desafios, foi necessário adequar o ritmo de revisão do PDM, lançar procedimentos concursais para a elaboração das cartas da REN, da Avaliação Ambiental Estratégica, participar activamente e, em simultâneo, no processo de alteração do PROT e inscrever nos nossos objectivos e instrumentos de planeamento estes desafios”, esclareceu.
Sobre o Plano Estratégico de Desenvolvimento de Alcochete, o autarca referiu que esta é uma tarefa que a Câmara Municipal vai desenvolver até ao final do 1.º semestre de 2010.
“Pretendemos elaborar um Plano Estratégico que se constitua verdadeiramente como uma autêntica ‘Carta Magna do Concelho de Alcochete’ - uma Carta de Compromissos, não apenas para a Autarquia, mas um instrumento operacional dirigido a todos os serviços públicos, aos agentes económicos, sociais, culturais, como para os cidadãos em geral – um Plano Dinâmico e Estratégico que responda ao desafio maior, tema central desta conferência: “Alcochete 2025 – Visão e Estratégia””.
Para que este Plano reflicta as necessidades dos munícipes, é importante que haja o contributo de todos, de maneira que as visões, os receios e todas as sugestões apresentadas sejam enquadradas neste documento.
Neste sentido, o Presidente da Câmara Municipal sublinhou que: “pretende-se que este instrumento seja o resultado de um envolvimento absoluto de todos os intervenientes, construindo a concertação necessária e desenhando as soluções para melhor responder aos desafios que temos pela frente, privilegiando um modelo de governação democrática e participada”.
Luís Miguel Franco concluiu a sua intervenção realçando a importância de definir um modelo de desenvolvimento para valorizar as potencialidades turísticas, económicas, sociais e de inovação do Município.
Por seu lado, o professor Augusto Mateus também alertou para a necessidade deste Plano ser participado, pois os “projectos só são verdadeiramente estruturantes quando são colectivos”.
Ainda neste contexto, Augusto Mateus acrescentou: “com este trabalho, vamos tentar construir um sonho colectivo que possa ser alcançado, que seja suficientemente ambicioso, mas também, prático e pragmático para não ser só um sonho, mas sim, para ser algo que conseguimos converter em realidade”.
Antes de lançar o debate, o professor fez uma reflexão sobre algumas ideias que devem orientar a elaboração deste Plano de desenvolvimento estratégico.
Assim, e numa primeira análise, Augusto Mateus alertou para a importância de não construir um futuro a olhar para o passado.
“Se nós fizermos estratégias atrás dos acontecimentos, somos capazes de ser derrotados não porque elas estejam em si erradas, mas, porque nos esquecemos de uma ideia-chave: o mundo não pára”.
A segunda ideia prende-se com a escolha da própria estratégia a adoptar que tanto pode ser defensiva, como ofensiva. No caso específico de Alcochete, torna-se pertinente adoptar uma estratégia ofensiva, que projecte a atenção para as oportunidades e desafios que existem e “tentar construir a força precisa para atrair novas capacidades, novos agentes e novas vontades”.
Sobre a estratégia a aplicar, Augusto Mateus salientou ainda que: “esta estratégia ofensiva tem uma característica própria em Alcochete que é, por um lado, uma estratégia de mudança, mas por outro lado, é uma estratégia de conservação inteligente, ou seja, temos que mudar algumas coisas, mas, temos que conservar inteligentemente outras”.
Augusto Mateus chamou a atenção para o facto do desenvolvimento estratégico em Alcochete não passar pela sua diluição na Área Metropolitana de Lisboa, até porque o Município diferencia-se pela sua forte identidade e pelos seus aspectos patrimoniais e culturais.
A terceira reflexão incidiu sobre a localização do Município que, actualmente, situa-se num espaço em mudança e, por último, as acessibilidades também foram alvo de debate. Também neste âmbito, e segundo Augusto Mateus, Alcochete deve desenvolver uma estratégia “de abertura e de fecho”, isto é, “deve querer proteger o seu espaço de conservação inteligente e deve querer favorecer o seu espaço de criação de riqueza para o mercado mundial, através dessas ligações”.
“Isto traduz-se em decisões que Alcochete tem que saber tomar e lutar por elas, do ponto de vista dos traçados das acessibilidades e, creio que Alcochete ganhará muito em não querer ser mais um local de rápido acesso, mas, ser antes um território que tem os acessos e as restrições que deseja”, disse.
Depois destas reflexões, o Presidente da Câmara Municipal e o professor Augusto Mateus interagiram com o público presente, no sentido de recolher opiniões e sugestões.
No geral, os participantes teceram algumas questões sobre os aspectos naturais do Município que devem ser valorizados enquanto factores turísticos e geradores de riqueza. Neste âmbito, alguns dos intervenientes partilharam da opinião que o rio Tejo, por exemplo, deveria ser mais explorado como uma das potencialidades turísticas do Concelho.
As questões associadas ao desenvolvimento económico, ao tecido empresarial, aos novos investimentos que se afiguram e aos diversos modelos de participação que vão ser adoptados durante a elaboração deste Plano foram outras questões colocadas pelos munícipes.
Em Setembro, está prevista a promoção de mais debates, no sentido de assegurar a participação dos munícipes na elaboração deste documento e , brevemente, a Câmara Municipal vai disponibilizar no site mais mecanismos para que a sua opinião / sugestão chegue até nós.
Veja o discurso do Presidente da Câmara Municipal
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