Arlindo Mota apresenta o seu primeiro romance em Alcochete: 'Flor de Sal'
O lançamento do livro realizou-se no auditório da Biblioteca de Alcochete e contou com a participação do Presidente da Câmara Municipal de Alcochete, do Presidente da Assembleia Municipal, dos Vereadores e do Presidente da Junta de Freguesia de Alcochete, entre vários convidados.
“As minhas primeiras palavras são de regozijo pela associação da Câmara Municipal de Alcochete a este romance e a este evento”, referiu o Presidente da Autarquia, Luís Miguel Franco, no início da sessão, acrescentando que o documento que inspirou “Flor de Sal” está disponível para consulta na Câmara Municipal.
“Neste romance, no seu enredo, o Dr. Arlindo Mota reporta-nos os factos e leva-nos para os idos anos 30 do século passado, início de uma ditadura de 48 anos que assolou, assombrou e estagnou o nosso País”, destacou o autarca.
Também o Presidente da Assembleia Municipal de Alcochete manifestou o seu regozijo com o lançamento desta obra. “É para mim uma honra enorme poder falar deste trabalho e é uma honra que esta obra tenha o seu lançamento no nosso Município”, afirmou Miguel Boieiro, que expressou os votos de que o autor “continue a investigar, a escrever, a contribuir para o futuro da comunidade, para que possamos compreender o que somos hoje”.
“É com imenso prazer que me encontro aqui nesta terra que, ademais da beleza do sítio e da simpatia das gentes, foi musa inspiradora da minha primeira obra de ficção romanesca: a “Flor de Sal” e em particular nesta magnífica biblioteca que, face a funções profissionais que desempenho, redobra a satisfação”, disse Arlindo Mota.
Tropecei literalmente num manuscrito de carácter oficial que dizia “Processo Disciplinar por Infracção de Carácter Político”movido pelo Governador Civil de Setúbal contra Carlos Pinto Ferreira, então chefe de secretaria da Câmara Municipal de Alcochete. Guardei-o por curiosidade profissional e remeti-o para sítio seguro e aí o mantive até há quatro anos, em que num momento de lazer fui percorrendo as páginas amarelecidas pelo tempo, na vã esperança de encontrar naquele manuscrito um precioso documento histórico, onde heróis e vilões estivessem claramente identificados e iluminassem o nosso recente passado histórico marcado por uma ditadura longa e férrea”, explicou o autor, licenciado em Filosofia e em Direito e Mestre em Ciência Política.
Arlindo Mota clarifica, contudo, o seu propósito e a sua escrita: “O que eu construí é pura e simplesmente um romance. Um romance tem um conjunto de ingredientes, é uma obra romanesca. Para mim, de facto, o importante é que lessem a obra”, disse.
“É um romance sobre uma mulher, as condições sociais em que as mulheres viviam na década de 30, a forma e o seu poder, mas sobretudo os direitos que não tinham. A pior forma de tratar as mulheres é falar das mulheres, em geral. As mulheres são concretas, têm um rosto, têm sentimentos, têm preocupações, resolvem problemas e têm problemas”, salientou Arlindo Mota, que actualmente está a trabalhar num livro de memórias que prevê concluir até ao final deste ano e que se chamará “Armazém de Retém”
“Num romance curto, que não se perde em discussões longas, o autor conta-nos uma história, uma história da história, cuja linha dramática se sustenta num facto real documentado, ocorrido na ascensão do salazarismo”, referiu a Dra. Vera Silva, Bibliotecária da Biblioteca de Sesimbra e amiga pessoal de longa data do escritor, no decorrer da sua interessante apresentação do romance com 127 páginas, numa edição da editora Folha D´Hera.