Shakespeare no Fórum Cultural de Alcochete
Durante cerca de 120 minutos, os dois actores abordam de uma forma didáctica a peça de teatro mais emblemática de toda a literatura ocidental. O público é envolvido na trama e essência da obra e é estimulado a participar activamente no espectáculo, de uma forma agradável e divertida.
Para André Gago, actor e encenador da peça, o espectáculo assenta numa nova abordagem de Shakespeare que tem por base a interacção com o público: “Há um grande desejo de interacção com o público que depois se materializa em diálogos. Nós conversamos com o público”.
Joaquim Nicolau sublinha que nesta peça o contacto com o público é estabelecido de uma forma bastante interessante: “Hamlet é uma peça muito grande e tem muitas personagens e a interrupção (que decorre durante o espectáculo e que simula uma momentânea perda de sanidade do actor) é uma estratégia dramatúrgica de fazer com que a peça possa progredir. E possibilita a intervenção do público num diálogo com o André Gago”, acrescenta o actor.
A peça foi para André Gago uma esteira para a tradução integral e consequente produção de “Hamlet”, que esteve em cena no ano passado: “Há aqui em ensaio dramatúrgico sobre o próprio tema, que depois foi extremamente útil para fazer a minha encenação do “Hamlet” e tem sido útil para a criação do último espectáculo “Hamlet, Heterónimos e Pessoas”, em que a poesia de Fernando Pessoa e de outros poetas portugueses, influenciada pelo tema “Hamlet”, é posta em confronto com o próprio Hamlet, com os próprios textos originais da peça”.
Tirando partido da combinação entre o cómico e o trágico “A Gargalhada de Yorick” representa uma rara oportunidade para ouvir, em português, alguns dos solilóquios mais belos da peça original: “Ser ou não Ser…”, “Que Reles e Velhaco Escravo…”, entre outros.
Ouça aqui os depoimentos dos actores:
André Gago