José Fanha declama poesia em Alcochete
Promovido pela Câmara Municipal de Alcochete para comemorar o Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor, o encontro com o poeta e declamador José Fanha constituiu um agradável e descontraído convívio em torno da poesia.
Paulo Machado, Vereador da Cultura, destacou o “empenho da Câmara Municipal de Alcochete na promoção do livro e da leitura, em articulação com os parceiros privilegiados nesta matéria: os estabelecimentos de ensino e as suas estruturas”, na mensagem que enviou por não ter podido participar na iniciativa,
O autarca manifestou também apreço pela presença de José Fanha, figura que considerou ser “um exemplo de cidadania empenhada e activa na caminhada de construção da nossa democracia”.
Poeta, declamador, formador de professores do Secundário, guionista de televisão e de cinema e com trabalho desenvolvido na adaptação de textos para teatro, José Fanha deu-se a conhecer, recitou poemas e contou histórias da sua vida pessoal e de episódios da vida e obra de outros poetas.
A infância foi um dos temas escolhidos para a leitura de poemas e para evocar os tempos da juventude, dos estudos no Colégio Militar e da influência do Maio de 68 nos jovens. “Era toda uma conjuntura internacional, em que a juventude se mexia e “abanava” violentamente com ícones que foram tão fortes e que continuam a ser, como o Che Guevara, o Bob Dylan, toda uma movimentação cultural que marcou a minha geração no seu melhor e no seu pior”, disse.
“Aos 16 anos fiquei obcecado com a obra de Alexandre O´Neill em primeiro lugar e do Jacques Prévert, em segundo, e depois surgiram outros poetas, como o Cesariny”, referiu José Fanha, que estudou arquitectura, mas nunca a pôs em prática, preferindo o teatro e as cantigas. “A minha vida tem sido sempre outras coisas e acho que a vida é muito divertida e há sempre qualquer coisa de diferente”, comentou.
“Tivemos 3 ou 4 séculos de grande poetas e de grandes músicos árabes: algarvios, alentejanos e um dos maiores poetas clássicos árabes nasceu em Beja”, salientou José Fanha, numa referência a Almutamid.
Segundo o poeta, há um défice muito grande na cidadania por sermos o país da Europa onde menos se lê e que isso se deve muito ao facto de nunca termos tido uma aristocracia culta e termos assistido a “diabolização” do livro ao longo da nossa História.