Fórum Cultural acolhe conferência sobre sexualidade e deficiência
Esta iniciativa contou com a participação do Dr. Jorge Cardoso, psicólogo clínico, doutorado em Ciências Biomédicas a exercer a especialidade no Hospital Júlio de Matos, e da Dr.ª Susana Crato, Mestre em Psicologia Clínica, a desempenhar as funções de professora na CERCIMA – Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas.
Professor Associado no Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz e membro da direcção da Sociedade Portuguesa de Psicologia da Saúde e da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica, o investigador Jorge Cardoso proferiu uma esclarecedora palestra sobre a sexualidade na pessoa portadora de deficiência. “A reabilitação sexual na deficiência tende a ser frequentemente negligenciada”, referiu este especialista, chamando, desde logo, a atenção para uma limitação muito comum: as acessibilidades, que impedem o convívio social.
“Se na deficiência física, a grande questão na vivência da sexualidade é com quem fazer, em relação à deficiência mental, a ideia predominante é ainda é cedo e depois já é tarde, sem que haja algo no meio”, alertou o terapeuta sexual.
Na sua intervenção, Jorge Cardoso traçou a evolução histórica da forma como a sociedade encarou a problemática da deficiência ao longo dos séculos, desde uma atitude altamente repressora na Antiguidade Clássica, passando pela fase da caridade, até chegarmos à intervenção do Estado com a criação dos asilos e, finalmente, às sucessivas fases de reabilitação motora, psicológica e sexual.
Segundo Susana Crato, que interveio em representação da CERCIMA, referiu que “a sexualidade surge como a mais normal das características humanas, sentida de maneira semelhante por deficientes e não deficientes”. “Lutamos para que existam os mesmos direitos e para que as pessoas portadores de deficiência vivam a sua sexualidade como qualquer outra pessoa”, referiu a oradora. “Muitas vezes, não é fácil falar de sexualidade na deficiência simplesmente porque não é fácil falar de sexualidade com uma pessoa dita normal”, acrescentou.