Alcochete
A freguesia de Alcochete, sede de concelho, vai-se redescobrindo ao longo dos tempos, na sua história e tradições intimamente ligadas ao rio Tejo que lhe banha as margens. A zona ribeirinha é uma janela aberta para a descoberta de um património natural único, e de um património histórico e cultural de grande relevo.
A freguesia de Alcochete é a maior do Concelho, com 119,51 km2 de área e 8917 habitantes, de acordo com os Censos de 2001, ainda que atualmente seja visível um acentuado crescimento demográfico. A construção da Ponte Vasco da Gama foi um fator decisivo e responsável pela elevada migração que se verificou nos últimos anos na freguesia.
Não é conhecida a data de fundação do povoado, mas é do ano 1308 o primeiro registo escrito do topónimo Alcochete. No séc. XV, Alcochete é referenciada como estância de repouso muito apreciada pela corte.
O que motivou em muitas famílias nobres o desejo de criarem um vínculo mais forte com Alcochete, conduzindo em muitos casos à edificação de muitas quintas, solares e casas apalaçadas, que integram o rico património arquitetónico civil da Vila.
O foral atribuído por D. Manuel I à vila de Alcochete em 17 de janeiro de 1515 revela que na época Alcochete era um importante centro logístico que abastecia a capital de produtos, como vinho, sal, fruta, caça, lenha e carvão, tirando partido da sua situação geográfica privilegiada, enquanto ponto de passagem para sul.
Mais de 500 anos passados, Alcochete readquire uma destacada importância ao nível geográfico com acesso privilegiado à capital e acessibilidades a todo o país.
No que concerne à arquitetura religiosa, a Igreja Matriz, à qual foi atribuída classificação de monumento nacional, foi construída no século XV e assume grande importância na freguesia.
Refira-se ainda a Igreja da Misericórdia e a Igreja de Nossa Senhora da Vida ambas edificadas na segunda metade do século XVI e a Ermida de Santo António da Ussa, edificada dentro da propriedade da Barroca d’Alva, numa pequena ilhota situada numa lagoa. A Ermida é um edifício de características renascentistas, construído por volta do séc. XVI.
No núcleo urbano da freguesia destaca-se o típico Bairro das Barrocas, constituído por casas de marítimos e de pessoas ligadas ao rio, e as casas senhoriais edificadas um pouco pelo núcleo antigo da Vila.
No contexto rural a freguesia reúne uma notável riqueza. A Herdade da Barroca d’Alva é lugar de referência a nível nacional e internacional para muitos adeptos do desporto equestre. Referenciada a partir do séc. XVI a herdade transitou por diversas vezes entre a coroa e casas senhoriais.
Em 1767, a herdade fica a cargo de Jácome Ratton, ficando na posse da família até 1876, sendo mais tarde adquirida por José Maria dos Santos, de quem descende o atual proprietário, José Samuel Pereira Lupi.
A proximidade com a Reserva Natural do Estuário do Tejo confere um estatuto especial à freguesia enquanto porta de entrada para um santuário natural e de conservação de espécies da fauna e flora. Já a lenda em torno da aparição de uma Santa no lugar da Fonte da Senhora, cuja fundação teve origem numa nascente de água, remete-nos para outro tipo de riqueza associada à veneração e romaria em honra de Nossa Senhora da Atalaia.
A proximidade com o rio desde muito cedo se revelou um aspeto importante no desenvolvimento económico da região com destaque para a prática da salicultura que em tempos foi a principal atividade económica em Alcochete.
Bem perto das margens do Tejo estão estrategicamente edificados moinhos de vento, que dão nome à praia fluvial existente – Praia dos Moinhos. Atualmente desativados, os moinhos de vento desempenharam no passado um papel importante na moagem de cereais e na elevação de água nas marinhas de sal.
A zona ribeirinha continua a ser o "bilhete postal" de Alcochete que não dispensa uma visita obrigatória.
Com início no Miradouro “Amália Rodrigues”, passando pelo Bairro das Barrocas, Igreja de Nossa Senhora da Vida, com visita obrigatória à Igreja da Misericórdia e Ponte-Cais, avançando Tejo adentro, e depois de um merecido descanso no Jardim do Rossio, um passeio pela zona ribeirinha de Alcochete permite ao visitante vislumbrar a imponência de alguns monumentos históricos e apreciar in loco pequenos detalhes do antigo casario que quase se deixa tocar pelo Tejo.