POR ALCOCHETE… as Festas aí Estão!
A sede do Aposento do Barrete Verde foi pequena demais para acolher os muitos alcochetanos e visitantes que quiseram fazer parte da inauguração das festas do Barrete Verde e das Salinas, no passado dia 12 de agosto. Um momento marcante que, anualmente, deixa antever dias de pura alegria e “exaltação da alma alcochetana” e que nesta 75.ª edição não foi exceção à regra.
Cândido Perinú, presidente da direção do Aposento do Barrete Verde, deu início à cerimónia agradecendo a todas as entidades, homens e mulheres que tornaram possível mais uma edição das festas, relembrando também José Piqueira, alcochetano e grande amigo das Festas.
O presidente da câmara municipal começou por referir que: “os tempos evoluem e há cada vez mais solicitações, mas, neste momento muito especial de realização das nossas festas, de exaltação desta alma muito alcochetana, que se confunde e se relaciona com o Tejo e com o toiro bravo, é preciso respeitar o passado honrando também o presente”.
“Vamos ter dias de animação e diversão, vamos ter largadas e corridas de toiros, em que o forcado alcochetano, certamente, vai brilhar com a sua elegância, valentia e galhardia, vamos ter a banda de Alcochete e fado. Vamos ter tudo aquilo que é essencial para que estes sejam dias especiais”, acrescentou Luís Miguel Franco, numa antevisão aos oito dias de festa.
Consciente que esta seria uma edição histórica, a direção do Aposento do Barrete Verde lançou o desafio a José Francisco Caninhas para lançar um livro na altura desta 75.ª edição. O desafio foi aceite e o resultado foi o primeiro volume “As Festas, Aí Estão!”, um trabalho de investigação que incide sobre a história das festas até 1974.
Na apresentação deste título, o professor José Francisco Caninhas revelou alguns pormenores do seu trabalho de investigação e o quão interessante foi perceber “(…) a forma como os outros falam da nossa terra e, através das atas da direção, ver como nós próprios falamos da nossa terra”.
Numa alusão aos homens que deram forma e corpo às festas do Barrete Verde e das Salinas, José Caninhas destacou José André dos Santos como “(…) um visionário porque os homens que pensaram nas festas, pensaram em Alcochete e, perpetuar as festas do Barrete Verde e das Salinas é também perpetuar Alcochete porque não há futuro sem passado”.
“É entusiasmante abrir um jornal de 1941 e ver na primeira página o nome de Alcochete e das suas festas”, afirmou ainda José Caninhas que salientou ainda a importância da figura do salineiro nestas festividades. “Era o homem que dava nome a estas festas e com muita propriedade. Todos os anos, era lhes pedido que, do seu parco salário, retirassem alguma coisa para as festas do Barrete Verde e das Salinas, portanto, também custeavam as festas”, relembrou.
Depois de lançado este primeiro volume, José Caninhas deixou antever que, seguindo a mesma base de trabalho de investigação, será igualmente lançado um segundo volume com a história mais recente das festas.
Numa inauguração, em que foram relembrados tantos amigos do Aposento e das festas do Barrete Verde e das Salinas, o presidente da Junta de Freguesia de Alcochete, Estêvão Boieiro, pediu uma salva de palmas ao eterno amigo Richard de Sousa e reforçou que as gentes sempre foram pessoas “honradas, trabalhadoras e valentes, o que é reconhecido por todos e, a partir daí, história constrói-se”.
Neste dia, a história cumpriu-se e depois dos discursos oficiais, seguiu-se um périplo pelas principais ruas da festas e o hastear das bandeiras, momentos que foram engrandecidos com a participação da Banda da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898 e da fanfarra da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Alcochete.
Antes da 1.ª entrada de toiros na Vila foi inaugurada a exposição “Alma do Ribatejo” no edifício da junta de freguesia de Alcochete. Da autoria de Jorge Alexandre, esta é uma exposição de aguarelas que exterioriza “a maneira de sentir o Ribatejo” do artista.
“Sinto-me em casa e, mais uma vez, exponho as minhas telas em Alcochete. Espero que gostem!”, disse Jorge Alexandre, momentos antes do fadista António Pinto Basto, acompanhado à viola por Manuel Veludo, presentear os convidados com a interpretação do fado “O Homem do Ribatejo”.