Samouco
A Freguesia de Samouco revela no seu território a cumplicidade e coexistência das raízes rurais e marítimas das suas gentes. A proximidade com o rio Tejo, revelou-se ao longo dos tempos, fator de atração e motivador de migrações de diferentes zonas do país, fomentando uma diversidade etnográfica e cultural ainda hoje bem patente nas manifestações culturais e festivas locais.
Com uma área de 4,83 km2 e com uma população de cerca de 2900 habitantes, de acordo com os Censos de 2001, a Vila de Samouco tem conhecido nos últimos tempos uma grande expansão, em grande parte assente nas novas acessibilidades, com especial destaque para a ponte Vasco da Gama.
Beneficiando de privilegiadas caraterísticas ribeirinhas, destaque para a praia fluvial e a proximidade com a área protegida da Fundação das Salinas de Samouco, e a poucos minutos de Lisboa, o Samouco reúne condições singulares de atracão de novos habitantes.
As escavações arqueológicas efetuadas durante a construção da ponte Vasco da Ponte revelaram uma abundante indústria lítica no Sítio da Conceição, que remonta ao Paleolítico Médio, confirmando a presença humana na área que hoje corresponde aos limites da freguesia de Samouco.
As origens da freguesia remontam ao século XIII com o aparecimento de pequenos povoamentos ribeirinhos, entre eles a povoação de Samouco em 1241, a maior parte deles relacionados com a exploração de salinas e consequente produção de sal.
O povoamento do então lugar de Samouco teve então início nos séculos XII e XIII tendo como base a fixação de pessoas, atraídas pelo trabalho existente na exploração das quintas existentes no território, cuja produção agrícola abastecia Lisboa.
O território que atualmente corresponde à freguesia de Samouco sempre foi bastante fértil e propício ao cultivo de vinhas, laranjas, figos, trigo e centeio, batatas e cebolas. Destaque também para o negócio do corte de mata e pinhal que foi também bastante lucrativo.
A proximidade com o rio revelou-se um fator importante, quer para o transporte dos produtos agrícolas produzidos, quer na formação de núcleos urbanos neste local desde meados do séc. XIII até princípios do séc. XIV.
A situação geográfica de Samouco, aliada à reconhecida fertilidade dos solos, favoreceu o seu desenvolvimento como espaço ribeirinho na margem sul do Tejo, de acordo com estudo monográfico de José António dos Santos Pinheirinho intitulado “De Çamoquo a Samouco, Sua História, Suas Gentes”.
No início do séc. XVII começou a afluir no então lugar de Samouco muitas gentes de fora, de diferentes zonas de norte a sul do país.
De acordo com a descrição de José Estevam, autor alcochetano, na sua obra “Os Anais de Alcochete”, passaram pelo Samouco muitos viajantes, nobres, plebeus e muitas famílias nobres e fidalgos.
Durante o séc. XIX a população de Samouco sofreu um acréscimo significativo, passando dos 501 habitantes em 1864, para 956 em 1900, resultado do desenvolvimento técnico e progresso económico-social e na área da saúde, a exemplo do que se verificou em todo o país. O constante crescimento populacional prosseguiu no séc. XX com a fixação no território de muitas pessoas aliciadas pela implantação das indústrias emergentes de Alcochete e Montijo, oriundas do Alentejo, Algarve e Norte do país, nomeadamente das Beiras.
Posteriormente a instalação da Base Aérea n.º 6 trouxe para o território um grande número de militares e suas famílias.
No que concerne à arquitetura civil o núcleo urbano antigo de Samouco integra uma diversidade de edifícios, que na sua maioria são construções tradicionais, principalmente casas de habitação, algumas delas datadas do séc. XIX. Outros integrados nas antigas quintas agrícolas, nomeadamente a Quinta do Braga, atualmente ocupada pela Junta de Freguesia, ou a Quinta de S. Brás, que alberga uma unidade de turismo de habitação.
Destaque ainda para a Casa do Mirante, edifício revivalista do princípio do séc. XX, que se desenvolve em torno de uma torre octogonal de quatro pisos, profusamente decorada com azulejos e ferros forjados.
O coreto existente na Praça José Coelho, inaugurado a 26 de setembro de 1981 é outro elemento artístico e decorativo de uma das praças emblemáticas da vila e que é também um espaço de eleição de atuação da Banda de Música da Sociedade Filarmónica Progresso e Labor Samouquense.
No mesmo local figura também uma réplica do “Chafariz de Roda” mandado construir por ordem da junta de freguesia e Câmara Municipal de Alcochete no ano de 1992, devolvendo à população um símbolo indissociável da história recente da freguesia, mantendo viva a memória coletiva das suas gentes.
Inaugurada a 10 de julho de 1994 a Estátua do Cavador pretende homenagear os trabalhadores rurais que desde épocas recuadas viveram e exerceram a sua atividade na freguesia. Da autoria do mestre Romeu Correia a Estátua do Cavador está situada na Praça da Liberdade, defronte do edifício da Junta de Freguesia.
No capítulo do património religioso, destacam-se a igreja de S. Brás, cuja edificação remonta ao séc. XVI, e ostenta nas suas paredes interiores painéis em azulejos com cenas alusivas à vida do santo patrono, e a Ermida de Nossa Senhora da Conceição dos Matos, construída durante o séc. XVI, situada junto à estrada entre Alcochete e Samouco.
A elevação de Samouco a Vila em 9 de dezembro de 2004 é um dos acontecimentos mais marcantes da história recente da freguesia, que veio dar resposta a um desejo antigo da população, e que anualmente é comemorado com muita emoção.
A zona ribeirinha de Samouco continua a ser ponto de encontro de locais e visitantes, que na procura de momentos de lazer desfrutam da praia fluvial e zona de lazer. Ou ainda do circuito pedonal, que faz a ligação entre a primeira rotunda da vila e zona de lazer.