Assembleia Municipal festeja 25 de Abril com sessão solene
A assembleia municipal de Alcochete festejou ontem o 25 de Abril de 1974 com a realização de uma sessão solene no salão nobre dos paços do concelho, em que marcaram presença os autarcas do município e das freguesias, representantes dos partidos políticos, das instituições civis e militares, associações e munícipes.
O presidente da assembleia municipal, Mário Catalão Boieiro, deu início à sessão, congratulando-se que a revolução de Abril é “um feito inigualável na transformação da nossa sociedade, proporcionando o início de um processo sem retorno de afirmação da liberdade e da democracia”.
O autarca sublinhou que “deveremos estar sempre gratos aos militares de Abril e ao movimento popular que nesse dia nos brindaram com a transformação social e política ocorrida nesse feito histórico”. “Somos uma democracia jovem com 44 anos, que procura atingir a sua maturidade na defesa dos mais desprotegidos e frágeis”, disse.
“Quero aqui louvar todas as pessoas que nos anos seguintes, por vezes perante adversidades e falta de respeito pelos direitos dos outros, enfrentaram esses momentos com firmeza, nunca deixando de invocar o seu direito ao pensamento livre e democrático, muitas vezes deparando-se com episódios impróprios de uma liberdade e democracia”, sublinhou o presidente da assembleia municipal.
Mário Catalão Boieiro referiu que a democracia ´”é dos sistemas imperfeitos o melhor que temos” e que “os partidos políticos são ainda uma das forças organizativas que os povos que vivem em liberdade e democracia usam na administração da causa pública”, mas que “vivemos um tempo de perigos, espelhado no descrédito na política, cuja melhor demonstração é o elevado absentismo aos atos eleitorais, que ronda os 50%”.
O presidente da assembleia municipal saudou “os muito jovens eleitos nos órgãos autárquicos do concelho” e expressou a sua “esperança que tragam vida nova ao pensamento político”.
Discurso do presidente da Assembleia Municipal
Após esta intervenção usaram da palavra os representantes dos partidos políticos com assento na assembleia municipal: Miriam Boieiro, da CDU, Carla Pereira, do PS, Alexandre Gonçalves, do CDS/PP e Francisco Gomes da Silva, do PSD.
“Expressamos, com sentimento de povo livre, o reconhecimento e gratidão aos militares do Movimento das Forças Armadas – os capitães de Abril – pela oportunidade que nos deram em escolher o nosso caminho, construindo um futuro coletivo onde se respeite a diversidade de opiniões e de ideias” sublinhou o presidente da câmara municipal, no início do seu discurso.
Fernando Pinto considerou ainda que “44 anos depois não vivemos num país perfeito contudo todos os dias caminhamos para o desenvolvimento, lutando para a igualdade de direitos e deveres, para um Estado social com maior equidade, para maior prosperidade, solidariedade, liberdade e democracia, para uma maior credibilização do nosso papel enquanto políticos, enquanto verdadeiros servidores da causa pública”.
O edil referiu igualmente que “a história não pertence a ninguém, a história é património dos portugueses tal como a viveram e hoje é nossa competência lembrar a história, recordar este dia festivo, um dia de festa para todos, um dia em que se renova a esperança num País melhor para todos e sobretudo para as gerações futuras”.
“Temos consciência de que a democracia é sempre uma tarefa inacabada, mas como escreveu Sophia de Mello Breyner façamos dos nossos dias “um dia inteiro e limpo” e um “despertar da noite e do silêncio” rumo a uma democracia plena e respeitadora dos mais elementares direitos do homem: a liberdade”, concluiu o autarca.
No final da sessão solene, o grupo musical “Gerações” interpretou vários temas alusivos à liberdade com temas de José Mário Branco, Fausto, Zeca Afonso, António Aleixo e Manuel Freire.