“Liberdade” de Eduardo Gageiro foi lançado em Alcochete
No âmbito das Comemorações do 25 de Abril e 1.º de Maio, Eduardo Gageiro lançou em Alcochete, no passado sábado, 20 de Abril, o livro de fotografia “Liberdade” onde são reproduzidos alguns dos momentos mais marcantes das primeiras horas do primeiro 25 de Abril, e dos dias que se seguiram até ao 1.º de Maio de 1974.
Com poemas de Ary dos Santos, Manuel Alegre e Sophia de Mello Breyner o livro revela diferentes sentimentos espelhados nas faces de militares e da população anónima de Lisboa, que podem também ser apreciados na exposição patente na Galeria Municipal.
Para Eduardo Gageiro o objectivo desta exposição é alertar e avivar a memória colectiva, “porque as pessoas que nasceram depois do 25 de Abril não sabem o que era antes.” E acrescenta: “Todos nós pensámos que era realmente um momento de esperança, para que o nosso país fosse mais livre, mais solidário e passasse a haver um maior equilíbrio social, mas chegamos à conclusão que isso não aconteceu, o fosso entre ricos e pobres é cada vez maior, continua a haver corrupção.”
“Eu fico espantado como é que 39 anos depois, as coisas ainda pioraram. De forma que eu acho que nós temos de fazer alguma coisa”, referiu Eduardo Gageiro.
“Através dos instantes captados pelo Eduardo [daquele primeiro 25 de Abril e primeiro 1 de Maio] nós podemos hoje olhar para essas fotografias, a preto e branco, e distinguir sentimentos de muitas das pessoas (…). A fotografia onde está a minha camarada Irene (…) expressa um grito de revolta, mas um grito de enorme alegria porque a liberdade finalmente tinha chegado e tantos foram os que lutaram pela liberdade, que morreram pela liberdade, que foram torturados pela causa da liberdade”, disse o presidente da Câmara, Luís Miguel Franco.
A vereadora da Cultura, Susana Custódio, referiu-se a Eduardo Gageiro como “nome grande da fotografia, nome grande do 25 de Abril, que através da sua objectiva captou e perpetuou sentimentos e vivências únicas, da coragem de militares que ousaram enfrentar um regime de ditadura, homens e mulheres que até então, na noite de 24 de Abril de 74 pouco ou nada sabiam do sentimento de ser livres”.
Amigos e admiradores do trabalho do fotojornalista, que começou a sua actividade em 1957 no “Diário Ilustrado” e foi fotógrafo de “O Século”, e que tem no seu currículo mais de 300 prémios, estiveram presentes no lançamento do livro e na inauguração da exposição.
Entre a assistência esteve a D. Irene, que na época vendia peixe no mercado de Alcântara, e que figura numa das fotos da manifestação do 1.º de Maio de 1974, e para quem o 25 de Abril representa a maior riqueza que Deus lhe podia dar.