Autarcas reivindicam mais atenção para as questões da mobilidade sustentável
Os Presidentes das Câmaras Municipais de Alcochete e da Moita manifestaram as suas preocupações quanto às questões da mobilidade sustentável na Península de Setúbal, na sessão de encerramento da conferência da S.energia, que encerrou no dia 22 de Outubro, na cidade do Barreiro, perante uma assistência constituída por especialistas e autarcas, com destaque para a presença do Vice – Presidente e Vereador da Câmara Municipal de Alcochete, José Luís Alfélua.
Luís Miguel Franco, Presidente do Município de Alcochete e Vice – Presidente do Conselho de Administração da S.energia, manifestou a sua “perplexidade” pelo facto de as questões de mobilidade sustentável serem “tão maltratadas” ao nível do PROT-AML.
“Enquanto não houver uma consciência política por parte de alguns decisores políticos de que estas temáticas são verdadeira e fundamentalmente importantes, os problemas estruturais de que falámos ao longo destes dois dias de conferência não conseguirão ser resolvidos”, disse Luís Miguel Franco, que considerou as dificuldades que ainda hoje se verificam ao nível da mobilidade na Península de Setúbal “algo completamente anacrónico”, dando como exemplo a descontinuidade do transporte público para quem reside em Alcochete e tem que se deslocar para estudar em Almada.
“Há muito que as câmaras municipais e os autarcas têm a sua atenção focada nestas temáticas",”referiu o Presidente da Câmara Municipal de Alcochete, salientando que a adesão da Câmara de Alcochete à S.energia “se insere no âmbito dos princípios políticos e estratégicos do Município” que, para além da participação activa na S.energia, “tem procurado desenvolver um Programa de Energias Renováveis e de Eficiência Energética”.
Luís Miguel Franco salientou também que, “no domínio da mobilidade sustentável, o Município viu recentemente aprovado o Plano de Eco - Mobilidade Sustentável de Alcochete (PEDAL) que assenta na promoção da qualidade de vida e de comportamentos saudáveis da população, no estímulo ao turismo ambiental, na diminuição do CO2, na facilitação da mobilidade reduzida e na dotação do município de um instrumento de planeamento orientador para mobilidade sustentável”.
O autarca de Alcochete referiu ainda que o Plano de Eco – Mobilidade Sustentável de Alcochete assentará na “elaboração do Estudo de Mobilidade do Território de Alcochete, na construção da Rede Ciclável de Alcochete, na instalação de semaforização inteligente e colocação de sinalética e na implementação de modos de transportes suaves/activos, que passam pela criação de um circuito de transporte urbano amigo do ambiente movido a electricidade, que percorrerá todo o concelho”.
No encerramento da Conferência sobre Sustentabilidade Energética Local, o Presidente da Câmara Municipal da Moita e Presidente da Mesa da Assembleia – Geral da S.energia, João Lobo, reivindicou igualmente mais apoios financeiros públicos para a mobilidade sustentável e frisou que “o pacto dos autarcas vem colocar um novo e importante desafio aos autarcas signatários para ultrapassarem as metas traçadas pela política energética da União Europeia em matéria de redução das emissões de CO2, através da eficiência energética e da introdução e utilização mais limpa da energia”.
Para o Presidente do Conselho de Administração da S.energia e Vereador da Câmara Municipal do Barreiro, Nuno Miguel Banza, o projecto de criação da associação de municípios, em que participam as Câmaras Municipais de Alcochete, Barreiro, Moita e Montijo, “é uma forma de demonstrar à sociedade que diferentes organismos autónomos da administração pública podem investir numa estratégia de sustentabilidade comum e de rentabilização de meios, de recursos humanos e de recursos financeiros”.
No segundo e último dia da conferência sobre “Sustentabilidade Energética Local”, que contou com a participação de três Agências de Energia, provenientes de Malta, Itália e Roménia, vários intervenientes usaram da palavra durante os trabalhos moderados pelo Professor Fernando Carvalho Rodrigues.
A crítica à falta de apoio do Governo aos Transportes Colectivos do Barreiro (TCB), um projecto mantido há 53 anos pelo Município local com o objectivo de melhorar as condições de vida dos barreirenses e que transportaram 22 milhões de passageiros em 2009 dominou a intervenção do Vereador do Planeamento e Gestão Urbana do Município do Barreiro e membro do Conselho de Administração dos TCB, Rui Lopo.
Com cerca de 600 viaturas e 74 milhões de passageiros por ano, a empresa TST – Transportes Sul do Tejo também participou nesta conferência através da intervenção da Dra. Graça Calapez, que explicou como funciona o Sistema de Gestão Integrada de Optimização Energética e Ambiental da empresa, que vai investir num Sistema de Informação ao Cliente em Tempo Real com a colocação de 40 painéis electrónicos nas paragens dos autocarros da sua área de intervenção na Península de Setúbal.
Também o representante da Transtejo/Soflusa S.A. deu conta de novos investimentos da empresa que vai colocar em funcionamento um novo protótipo de navio para transporte fluvial de passageiros entre as duas margens do estuário do Tejo e que aposta na formação em condução ecológica dos mestres das embarcações para diminuir a factura energética, para além de outras medidas como a manutenção dos cascos dos navios.
Com 28 milhões de passageiros, a Transtejo/Soflusa tem em funcionamento um Sistema de Contabilidade Energética. “A nossa luta, como estão sempre a dizer, é lutar contra o transporte individual e tornar o transporte colectivo mais atractivo”, salientou o comandante Pedro Pata.
As vantagens e os tipos de veículos eléctricos já usados em Portugal e actualmente disponíveis no mercado foram aspectos focados na intervenção de Cláudio Casimiro, em representação da Associação Portuguesa do Veículo Eléctrico. Este responsável deu conta do projecto da APVE, que promoveu um programa de demonstração de mini autocarros eléctricos que levou à entrada em funcionamento destes veículos nas cidades de Coimbra, Portalegre, Viseu, Bragança, Viana do Castelo e mais recentemente em Almada.
“Matriz energética para a mobilidade: eficiência ou eficácia” foi o título da intervenção do especialista em Mobilidade e Transportes, Eng.º Mário Alves, que questionou várias ideias feitas em relação aos combustíveis e à poupança de energia. “Precisamos de trabalhar em ordenamento do território, precisamos de investir em transportes públicos não individuais e precisamos de investir na restrição automóvel nas zonas urbanas”, frisou o especialista, que está a desenvolver o projecto “Ir a pé para a escola” nos Municípios do Barreiro e de Loures.