Município homenageia personalidades colectivas e individuais
No âmbito das comemorações dos 111 anos da Restauração da autonomia do Município de Alcochete, na reunião de 14 de Janeiro, a Câmara Municipal aprovou, por voto secreto e unanimidade, a atribuição das medalhas D. Manuel I e da Restauração, para distinguir personalidades colectivas ou singulares que, através do exercício das suas funções, tenham contribuído para o engrandecimento do Concelho.
A Câmara Municipal distinguiu com a Medalha D. Manuel I as seguintes entidades:
Santa Casa da Misericórdia de Alcochete
Com origem nas inúmeras confrarias de caridade existentes no mundo cristão, a Misericórdia de Alcochete é uma instituição que cumpre a sua missão há vários séculos, vocacionada para o socorro e a ajuda ao próximo nos momentos mais frágeis da vida humana.
No início do século XX, a decisão do 3.º Barão de Samora Correia de deixar a sua herança à Misericórdia com o compromisso para que fosse criado um asilo para mulheres desamparadas é um facto que marca a nossa actualidade. A secção para os homens é somente criada em 1947.
Exclusivamente dedicada à assistência e apoio aos idosos, a Santa Casa da Misericórdia de Alcochete desenvolve a sua actividade através do Lar (com 90 utentes), do Centro de Dia, (com 30 utentes) e do serviço de Apoio Domiciliário (com 40 utentes).
Com um quadro de pessoal quase exclusivamente feminino, a Misericórdia de Alcochete é uma casa aberta a todas as situações de carência social da população e presta apoio social às famílias mais carenciadas através do fornecimento de refeições já confeccionadas e do pagamento dos medicamentos.
A prioridade da Instituição, em 2009, é concluir a construção de um novo edifício anexo ao Lar para acolher os diversos serviços e, deste modo, alargar as áreas reservadas aos idosos que vivem no Lar Barão de Samora Correia.
A Câmara Municipal de Alcochete presta homenagem à Santa Casa da Misericórdia de Alcochete e aos sucessivos corpos directivos pela sua dedicação, trabalho e empenho no funcionamento de uma instituição de referência para o Município de Alcochete.
Centro Social de São Brás do Samouco
O Centro Social de São Brás é uma associação que surgiu há mais de vinte anos por iniciativa de um grupo de munícipes residentes em Samouco, na maioria senhoras ligadas à Paróquia local, que pretendiam criar um lar para idosos.
Em 2006, com uma nova Direcção e com as novas regras de funcionamento nas escolas de ensino público, o Centro Social de São Brás adoptou um novo modelo de funcionamento do Centro de Actividades de Tempos Livres e apostou na criação da valência de Creche.
As Actividades de Tempos Livres passaram a funcionar das 7 às 10 horas e das 16 às 19h30 e nas interrupções lectivas e foram realizadas obras no edifício para criação de três salas de creche, mantendo-se duas salas para os 22 idosos que frequentam o Centro de Dia, investimentos que implicaram a contratação de mais recursos humanos para esta instituição particular de solidariedade social.
O Centro Social de São Brás tem em funcionamento a valência de creche, com 33 crianças dos 3 meses aos 3 anos, a valência de Actividades de Tempos Livres num espaço exterior alugado, com 44 crianças, o Centro de Dia, com 22 utentes, e o serviço de Apoio Domiciliário Integrado, de segunda a sexta-feira, com 8 utentes.
A Câmara Municipal de Alcochete presta homenagem ao Centro Social de São Brás do Samouco, aos fundadores, aos sócios e aos sucessivos órgãos directivos pela dedicação, trabalho e empenho no apoio social à infância e aos idosos do Município de Alcochete.
A medalha D. Manuel I distingue “pessoas individuais ou colectivas que, pelos seus feitos, se destacaram em serviços distintos e altamente meritórios prestados ao Município ou aos seus habitantes, de forma exemplar e duradoura, e cujo nome tenha ficado, por tal facto, intrinsecamente ligado à vida e à história do Município”.
A Medalha da Restauração homenageia “pessoas individuais e colectivas que, por actos por si praticados, tenham de forma notória contribuído para o engrandecimento do nome do Concelho, quer pela investigação e divulgação dos seus valores culturais, quer por se terem notabilizado em qualquer ramo de arte ou da ciência e ainda pela dedicação evidenciada nos serviços prestados ao Município ou aos seus habitantes”.
A Câmara Municipal de Alcochete distingue com a Medalha Dourada da Restauração as seguintes personalidades:
Associação GilTeatro
A fundação da associação juvenil GilTeatro em 4 de Março de 1997 resultou do surgimento do Clube de Teatro com o mesmo nome na Escola E.B. 2,3 El-Rei D. Manuel I em 1994, no âmbito da actividade docente desenvolvida pelo Professor de História e Teatro, Carlos Soares.
A nova associação veio assegurar aos jovens a possibilidade de desenvolver no exterior da escola as actividades que o Clube de Teatro lhes proporcionava no contexto escolar e permitiu-lhes aceder a actividades como o teatro, o malabarismo, os papagaios estáticos e acrobáticos, as danças medievais, o ilusionismo e a música.
O gosto pela arte através do teatro e da arte circense despertaram capacidades nos jovens, elevaram o seu nível cultural e a sua criatividade, a consciência do corpo, do movimento, do equilíbrio, da capacidade motora e da concentração.
Os espectáculos de teatro, de malabarismo, de danças medievais e europeias ou de magia, a construção de materiais de malabarismo e de papagaios estáticos e o lançamento de papagaios na Praia dos Moinhos fazem parte do quotidiano de Alcochete graças à acção pioneira desta Associação.
“A revolta dos salineiros”, “O Auto da Índia”, “O Jardim das Estátuas”, “A Restauração”, “Quatro Elementos, Quatro Mulheres”, “A Borbulha ou a Idade do Armário” e “Sal Negro” são representações teatrais que marcaram os jovens que passaram pela Associação e que foram aplaudidas por muitos de nós.
Com uma produção teatral permanente, com peças originais ou exclusivamente de autores portugueses com destaque para Gil Vicente, a Associação GilTeatro ganhou também protagonismo nacional e internacional com a realização do Festival de Papagaios na Praia dos Moinhos.
A Câmara Municipal de Alcochete presta homenagem à Associação GilTeatro e aos sucessivos elementos dos órgãos directivos pelo seu contributo para a formação dos jovens e para o desenvolvimento cultural do Município de Alcochete.
Armando Crispim
Armando José Crispim nasceu em Alcochete no ano de 1931 e iniciou os seus estudos de música na Banda da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898, onde foi músico dos 13 aos 40 anos.
Descendente de salineiros, Armando Crispim executou na adolescência todos os trabalhos dos alcochetanos de então: trabalhar nas marinhas, primeiro a carregar água, depois a rapar sal e nas descargas do carvão e do bacalhau.
Graças ao maestro da Banda de Alcochete, António Gonçalves, conseguiu entrar primeiro como recruta para o Quartel de Infantaria 1, depois como músico trombonista para a Banda do Exército. Mais tarde concorre à Banda da Guarda Nacional Republicana onde permanece durante 28 anos.
Aos 26 anos iniciou os estudos de contrabaixo de cordas no Conservatório Nacional e durante dez anos estudou e trabalhou arduamente ao serviço da Banda da GNR e de muitas bandas filarmónicas para sustentar a família e os pais.
Com 50 anos passou à reserva e aos 58 anos sai da Banda da GNR, mas mantém-se no Conservatório Nacional e na Orquestra Filarmónica de Lisboa. Ao longo da sua carreira foi músico da Orquestra Filarmónica de Lisboa, da Orquestra Sinfónica do Teatro Nacional de São Carlos e da Orquestra Sinfónica Portuguesa, onde entrou aos 62 anos e se reformou aos 73 anos.
A Câmara Municipal de Alcochete presta homenagem a Armando Crispim pela notabilização na área da música e pela projecção que deu e que dá ao Município de Alcochete.
Voto de louvor ao poeta António Rei
Na reunião da Câmara Municipal de Alcochete de 14 de Janeiro último foi também aprovado por unanimidade um voto de pesar e guardado um minuto de silêncio pelo falecimento do poeta alcochetano António Rei, no dia 13 deste mês.
“Relembramos com saudade um alcochetano cuja vida se pautou por uma longa carreira militar, premiada com várias condecorações e louvores, e por ter contribuído, de forma assinalável, para o desenvolvimento cultural do Município de Alcochete”, refere a proposta aprovada pelo Executivo Municipal.
Um contador de histórias que viu a sua poesia publicada em várias obras editadas pela Câmara Municipal de Alcochete, com destaque para “Poesia alcotejana”, “Poemas de um mareante”, “Antologia dos poetas alcochetanos” e “Sabor a sal”, entre outros.
António Rei foi também distinguido pelo Município de Alcochete através da atribuição, ainda em vida, da Medalha de Honra do Concelho e da Medalha D. Manuel I.
O saudoso poeta, que tanto amou Alcochete, foi sepultado, com honras militares, no cemitério local, no dia 15 de Janeiro de 2009.