Muita emoção marca cerimónia de abertura do Poço de São João
O evento trouxe ao Largo de São João muitos alcochetanos por nascimento e muitos residentes que consideram esta terra como sua, pois para cá vieram residir, alguns há muitos anos e aqui que criaram raízes com o nascimento dos filhos e dos netos.
O Presidente da Câmara Municipal, Luís Miguel Franco, o Vereador da Cultura, Paulo Machado, o Vereador das Obras Municipais, José Luís Alfélua, o Presidente da Assembleia Municipal, Miguel Boieiro, e o Presidente da Junta de Freguesia de Alcochete, Estêvão Boieiro, marcaram presença nesta cerimónia repleta de muita emoção e alegria, que contou ainda com a participação da poetisa alcochetana Maria José Branco.
“Fontanário e Poço de São João” é o título do poema declamado por Maria José Branco, que festejará os 89 anos de idade no próximo dia 28 de Outubro e que trouxe para esta cerimónia o livro “Vida Amor e Saudade”, editado pela Câmara Municipal de Alcochete em 1997.
“…Quantas vezes eu tentei/Fazer de ti meu baloiço/A tua roda rodar/Há já muito que não oiço/A água que tu brotavas/Nascia no fundo do chão/Dum poço tão conhecido/P´lo poço de São João…” recitou Maria José Branco que ainda hoje mantém bem viva a imagem do Poço de São João.
“Ao fim ao cabo foi para matar as saudades do Poço de São João, tal como dizia a nossa querida Maria José, que a Câmara Municipal em boa hora resolveu devolver o Poço de São João à população do concelho de Alcochete” salientou o Presidente da Câmara Municipal de Alcochete.
Para Luís Miguel Franco, o objectivo da Autarquia em devolver o poço à população, “não na sua forma original, mas através da musealização do Poço com a preocupação de o tornar visível” foi “fazer com que a população do concelho deixasse de ter saudades daquele poço que um dia foi fonte de água e de vida e que até agora era fonte de saudade”.
“”Sempre ouvi dizer dos mais antigos, dos meus avós principalmente, que quem bebia do Poço de São João jamais deixaria Alcochete”, sublinhou o Presidente da Câmara Municipal.
“Hoje é um dia importante do ponto de vista afectivo porque a Câmara permite, e permitirá a quem queira, ver o Poço de São João”, acrescentou Luís Miguel Franco, que sublinhou ainda que a Autarquia não descurou as condições de segurança. “Esta é uma estrutura perfeitamente segura quer no que diz respeito à sua sustentação, quer no que diz respeito à passagem dos peões”, referiu.
“Hoje, através desta obra que tem muito valor afectivo, recuperamos o Poço e recuperamos também mais um elemento patrimonial riquíssimo de uma cultura alcochetana que a Câmara Municipal de Alcochete quer preservar, vai preservar e vai valorizar a todo o custo”, concluiu Luís Miguel Franco, que terminou a intervenção com “um grande viva a Alcochete”.
Natural de Alcochete, Benvinda Gregório Sequeira, de 69 anos, estava radiante com a iniciativa. “Não me lembro do poço, só me lembro da torneira e de uma pia em mármore e tinha uma roda que a gente puxava para sair a água”, exclamou. “É a melhor coisa que podiam fazer para os alcochetanos. Isto é uma maravilha, é como um monumento, é do património de Alcochete e é uma coisa linda”, acrescentou.
Também Artur Rei, com 84 anos, fez questão de assistir à inauguração da reabertura do Poço de São João: “Dei muita vez à bomba e bebi muita água daqui. Os mais velhos lembram-se do Poço mas a malta mais nova não conheceu e acham uma coisa estranha”, disse.
“Não sendo de Alcochete e conhecendo vagamente a história e alguns pormenores através de registos fotográficos e de pinturas que existem, fiquei deliciado com isto, a ideia foi fantástica e o trabalho está muito bem feito”, comentou Domingos de Sousa. “Havia muita expectativa quanto ao que aqui estava e acho que as expectativas foram perfeitamente atingidas e até ultrapassadas. A Câmara Municipal está de parabéns pela iniciativa que teve”, acrescentou.
Também João Verga, de 77 anos, louvou a iniciativa: “Acho uma iniciativa boa, é uma memória que temos de que quem viesse e bebesse a água do Poço de São João de maneira nenhuma podia deixar de visitar Alcochete ou até de vir residir para Alcochete. A Câmara teve uma boa ideia, é uma boa iniciativa e é de louvar”, referiu.
Segundo este munícipe, “é uma altura boa para trazermos os netos a ver este local”, uma vez que “vêem a base fundamental e a localização”. “Isto é uma prova para que os nossos filhos e netos acreditem naquilo que os velhos estão a falar, é uma prova de verdade”, afirmou João Verga, que equiparou a recuperação do Poço de São João com a da embarcação tradicional Alcatejo. “É bom podermos preservar as origens”, concluiu.
Maria José Verga estava igualmente emocionada. Com 87 anos ainda recorda como funcionava o Poço de São João: “Tinha uma pia separada onde os cavalos vinham beber água e uma bomba que puxava a água e vi taparem o poço”, disse. “Acho uma coisa engraçada. Fico feliz”, exclamou ao rever o Poço de São João.