Greve dos Salineiros em 1957
21 Jan 2008
Problemas sociais motivaram revolta
Integrada nas comemorações da Restauração do Concelho, a Autarquia promoveu, no passado dia 19, no Núcleo de Arte Sacra a palestra “Verão de 57: Greve dos Salineiros, uma greve para além da greve”, pelo investigador Dr. João Madeira.
No âmbito do 50.º aniversário da Revolta dos Salineiros de Alcochete, a Câmara Municipal não quis deixar de recordar um acontecimento que faz parte da história recente do Concelho.
“É fundamental não deixarmos perder a história deste grupo de trabalhadores, que são os salineiros, importantíssimos na economia de então, e aquilo que faz e que define a matriz não só identitária mas ideológica, e que é também aquilo que define um povo, uma terra e as suas gentes”, referiu o Vereador da Cultura.
Com uma salina a laborar no concelho, em regime semi-mecanizado, pertença da Fundação João Gonçalves, a Câmara Municipal considera importante manter viva a memória colectiva acontecimentos que enriquecem a nossa história.
“É um papel fundamental, também da Câmara Municipal, fazer com que as memórias do trabalho do sal não se percam”, sublinhou Paulo Machado.
A tensão social vivida em 1957 em Alcochete, o papel do patronato, o significado da greve e as emoções vividas por quem participou activamente no acontecimento foram circunstâncias explanadas pelo João Madeira, docente de História e investigador do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
O professor João Madeira deu início à sua intervenção, destacando o papel desempenhado na época pelas Casas do Povo, em conjunto com os Grémios da Lavoura, no processo de contratação colectiva.
“No caso de Alcochete, a Casa do Povo representava os salineiros pela ausência de um sindicato nacional e tinha lugar na mesa de contratação colectiva através do Grémio da Lavoura”, disse o Professor João Madeira.
Assim, os Grémios representavam os proprietários das Marinhas de Sal mas tinham também, de forma directa ou indirecta, representantes seus na Casa do Povo, situação que levava, segundo o investigador, a um processo de negociação completamente desequilibrado e distorcido a favor dos proprietários.
Em Julho de 1953, a nova Direcção da Casa do Povo assume por iniciativa própria a necessidade de tratar do aumento dos salários dos salineiros, que há dois anos não tinham aumento do salário e quatro anos mais tarde, a situação salarial dos salineiros não se voltaria a alterar, mantendo-se nos 30 escudos por jornal.
“Independentemente da valorização do preço do sal e do facto dos salineiros de Alcochete serem, em regra, mais bem pagos que os salineiros de outras regiões, o certo é que apesar disto a depreciação do salário não podia deixar de se fazer sentir naturalmente nas condições de vida dos salineiros”, referiu o historiador.
Nesta altura, os pedidos de aumento de salário, embora difusos, faziam-se sentir junto dos marnoteiros e dos feitores, bem como a diminuição do número de canastras a transportar.
De acordo com o Dr. João Madeira, a decisão de fazer greve, em 29 de Julho de 1957, terá resultado directamente de uma situação objectiva de bloqueio na capacidade de negociar novos aumentos salariais com os proprietários das marinhas, uma greve espontânea, sem motivações políticas, que pressupõe um entendimento entre os marnoteiros que terão conseguido o apoio de todos os trabalhadores das salinas.
No âmbito do 50.º aniversário da Revolta dos Salineiros de Alcochete, a Câmara Municipal não quis deixar de recordar um acontecimento que faz parte da história recente do Concelho.
“É fundamental não deixarmos perder a história deste grupo de trabalhadores, que são os salineiros, importantíssimos na economia de então, e aquilo que faz e que define a matriz não só identitária mas ideológica, e que é também aquilo que define um povo, uma terra e as suas gentes”, referiu o Vereador da Cultura.
Com uma salina a laborar no concelho, em regime semi-mecanizado, pertença da Fundação João Gonçalves, a Câmara Municipal considera importante manter viva a memória colectiva acontecimentos que enriquecem a nossa história.
“É um papel fundamental, também da Câmara Municipal, fazer com que as memórias do trabalho do sal não se percam”, sublinhou Paulo Machado.
A tensão social vivida em 1957 em Alcochete, o papel do patronato, o significado da greve e as emoções vividas por quem participou activamente no acontecimento foram circunstâncias explanadas pelo João Madeira, docente de História e investigador do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
O professor João Madeira deu início à sua intervenção, destacando o papel desempenhado na época pelas Casas do Povo, em conjunto com os Grémios da Lavoura, no processo de contratação colectiva.
“No caso de Alcochete, a Casa do Povo representava os salineiros pela ausência de um sindicato nacional e tinha lugar na mesa de contratação colectiva através do Grémio da Lavoura”, disse o Professor João Madeira.
Assim, os Grémios representavam os proprietários das Marinhas de Sal mas tinham também, de forma directa ou indirecta, representantes seus na Casa do Povo, situação que levava, segundo o investigador, a um processo de negociação completamente desequilibrado e distorcido a favor dos proprietários.
Em Julho de 1953, a nova Direcção da Casa do Povo assume por iniciativa própria a necessidade de tratar do aumento dos salários dos salineiros, que há dois anos não tinham aumento do salário e quatro anos mais tarde, a situação salarial dos salineiros não se voltaria a alterar, mantendo-se nos 30 escudos por jornal.
“Independentemente da valorização do preço do sal e do facto dos salineiros de Alcochete serem, em regra, mais bem pagos que os salineiros de outras regiões, o certo é que apesar disto a depreciação do salário não podia deixar de se fazer sentir naturalmente nas condições de vida dos salineiros”, referiu o historiador.
Nesta altura, os pedidos de aumento de salário, embora difusos, faziam-se sentir junto dos marnoteiros e dos feitores, bem como a diminuição do número de canastras a transportar.
De acordo com o Dr. João Madeira, a decisão de fazer greve, em 29 de Julho de 1957, terá resultado directamente de uma situação objectiva de bloqueio na capacidade de negociar novos aumentos salariais com os proprietários das marinhas, uma greve espontânea, sem motivações políticas, que pressupõe um entendimento entre os marnoteiros que terão conseguido o apoio de todos os trabalhadores das salinas.