“Conversas no feminino” abordam condição da mulher
No âmbito das comemorações do Dia Internacional da Mulher, Eugénia Casadinho, Luísa Ortigoso, Maria Otília d´Avó e Maria da Piedade Policarpo, com moderação da escritora, jornalista e apresentadora de televisão Margarida Mercés de Mello, protagonizaram um debate intitulado “Conversas no feminino” que decorreu no dia 10 de março, na biblioteca de Alcochete.
O presidente da câmara, Fernando Pinto, a vice-presidente e vereadora, Maria de Fátima Soares, e os vereadores da Cultura, Vasco Pinto, e das Obras Municipais, Pedro Lavrado, marcaram presença no evento.
Fernando Pinto saudou todas as mulheres presentes na iniciativa, incluindo a vice-presidente que usou também da palavra para destacar a evolução do estatuto da mulher em comparação com o século passado. “Felicito todos com muita alegria e não todas porque temos alguns homens presentes nestas conversas no feminino. É sinal que os homens se interessam por conhecer o íntimo das mulheres assim como nós nos interessamos por tudo o que diz respeito ao masculino”, disse Maria de Fátima Soares.
A partilha de experiências começou com a apresentação de cada uma das quatro mulheres que participaram no debate e depois evoluiu para uma conversa em que as protagonistas deram o seu testemunho quanto à sua condição feminina.
Eugénia Casadinho, que dedicou a sua vida ao ensino especial e que atualmente está reformada e faz voluntariado, falou sobre a sua experiência com crianças com necessidades educativas especiais e respetivas famílias. “Temos que habituar a sociedade de que somos todos diferentes e é preciso desmistificar as coisas, incluindo o uso das próteses”, disse.
A atriz Luísa Ortigoso, que desde 1980 desenvolve atividade teatral com passagem pelo Grupo de Teatro de Campolide, Companhia de Teatro de Almada, Teatro Estúdio e Teatro da Malaposta, entre outros, e é conhecida do público pela sua participação em telenovelas, considerou que “continua a justificar-se haver um dia dedicado à mulher enquanto houver uma mulher que pelo mesmo trabalho ganhe menos do que um homem, que seja apedrejada ou violada em qualquer parte do mundo”.
Maria Otília d´Avó, fundadora do Rancho Folclórico de Danças e Cantares da Fonte da Senhora, recordou ter começado a trabalhar aos 13 anos na monda do arroz, depois de ter frequentado a escola, o tempo do namoro e a vida de casada com um filho, o trabalho numa fábrica de cortiça no Montijo e o sonho de ser bailarina.
Artista, política, empreendedora, comprometida com a cultura, Maria da Piedade Policarpo nasceu em Alcochete, fundou um grupo de teatro, esteve ligada aos escuteiros, foi deputada da Assembleia Municipal de Alcochete durante 20 anos, fez parte do gabinete político do Governo Civil de Setúbal, foi membro do conselho geral do Aposento do Barrete Verde, esteve ligada à área cultural da câmara municipal de Alcochete e atualmente é presidente da direção da Sociedade Imparcial 15 de Janeiro de 1898.
Maria da Piedade Policarpo recordou que teve uma vida facilitada, começou a trabalhar cedo por opção pessoal e que “a política é das experiências mais fantásticas e mais dolorosas quando nos sentimos impotentes em relação a determinadas situações que não conseguimos resolver”. “Continuo a achar que é importante celebrar o Dia da Mulher. O mundo é feito de muitos milhões de mulheres e há ainda muitas mulheres a sofrerem situações que não conseguimos imaginar”, disse, revelando a sua preocupação quanto à violência no namoro e no casamento.