Câmara entrega 21 medalhas municipais na Restauração do Concelho
No passado 15 de janeiro comemorou-se em Alcochete o 119.º aniversário da Restauração do Concelho e, mais uma vez, o Município condecorou quem no presente contribui, com o seu trabalho e dedicação, para a história do Concelho. Foram assim atribuídas 13 Medalhas da Restauração, 1 Medalha D. Manuel I e 7 Medalhas de Bons Serviços durante a sessão solene que decorreu num núcleo de arte sacra lotado.
“Todos os dias se escreve a História. Todos os dias, mulheres e homens, jovens e idosos, pessoas individuais e coletivas contribuem para escrever a nossa História na educação e na saúde, na cultura e no desporto, na solidariedade e na assistência social, no voluntariado e no associativismo, no ambiente e na sustentabilidade, na administração pública local e no poder local democrático”, destacou o Presidente da Câmara Municipal durante um discurso emotivo.
“(…) Vamos reconhecer e homenagear quem dedicou a sua vida ao poder local democrático e ao Samouco, que o adotou, e que foi por ele a quem se entregou; vamos homenagear quem se preocupa com o bem-estar dos animais, retribuindo com altruísmo e carinho a lealdade e os afetos dos nossos mais fiéis amigos; homenagear o homem que, há décadas, contribui para formar as mulheres e os homens do amanhã, integrando-os nos valores da cidadania e da cultura; homenagear todos aqueles que, com os saberes do seu ofício, construíram o novo Bote Leão e que assim recuperaram uma parte da nossa memória; homenagear as mulheres e os homens que, ao longo de trinta anos, serviram com profissionalismo e entrega as nossas populações através da Câmara Muncipal”, prosseguiu Luís Miguel Franco sobre as personalidades que foram homenageadas neste 119.º aniversário.
A associação “Os Canitos” foi a primeira entidade a receber a medalha da Restauração pelo trabalho meritório que desenvolve em defesa e proteção de animais abandonados. Presidente desta associação que desenvolve a sua atividade no centro municipal de recolha de canídeos, Nuno Pascoal, agradeceu esta distinção e frisou que esta deve ser extensível aos fundadores e a todas as pessoas que já passaram pela “Canitos” e lançou ainda um convite: “Não sei se todos conhecem o canil, mas estão convidados a aparecer num fim de semana ou num dos passeios à praia que realizamos com o objetivo de aproximar a população dos canídeos. Vão ver o quão gratificante é passar dez minutos com um cão. Não imaginam o amor que nos transmite”.
Há mais de vinte anos dedicados à promoção das artes de palco, Carlos Soares foi igualmente homenageado pelo Município pelo trabalho e o papel que tem assumido junto dos mais jovens, envolvendo-os em projetos e atividades de expressão artística e culturais. Recorde-se que Carlos Soares foi um dos fundadores da associação juvenil GilTeatro e um dos principais dinamizadores de eventos como o festival internacional de papagaios de Alcochete (FIPA) que é já uma referência nacional.
Visivelmente emocionado, o professor recordou o seu percurso na escola El-Rei D. Manuel I desde 1993/94 e agradeceu a todos os que se cruzaram no seu percurso e que o aconselharam e motivaram, mesmo nos momentos mais difíceis, desde os professores que participaram na dinamização do clube de teatro da escola e em outros projetos culturais, aos órgãos diretivos do agrupamento, aos jovens fundadores da GilTeatro, e aos autarcas que assumiram o pelouro da cultura.
Por sua vez, os jovens que atualmente integram a GilTeatro marcaram o início desta cerimónia com a encenação de um breve trecho da peça “Dez Cobrientos” da autoria de Carlos Soares, e não deixaram de apresentar um agradecimento público por toda a sua dedicação aos jovens e à arte em geral.
Jaime Costa (carpinteiro e mestre do estaleiro), Diogo Gomes (pintura), Franco Calhau (pintura e serralharia), Francisco Gregório (desenhos e carpintaria), João de Castro (carpintaria), João Estrela (carpintaria), João Carlos Rita (carpintaria), José Lopes da Costa (logística), José Pedro da Costa (carpintaria), Leonel Lopes (calafetagem e ferragens) e Ricardo Manuel Costa (carpintaria) foram os homens que, através da arte da construção naval, deram vida ao Bote Leão e que tornaram possível que o “Rei dos Nordestes” regressasse às águas do Tejo no dia 19 de junho de 2016. Por todo o seu meritório contributo e trabalho na construção desta emblemática embarcação, a equipa do estaleiro naval de Sarilhos Pequenos foi igualmente agraciada com a medalha da Restauração.
“Este foi, de facto, um grande agradecimento que nós nunca tivemos no estaleiro. Foi uma obra de consenso, de saberes (pela idade das pessoas que trabalharam nesta arte que tem tendência para acabar) e de humildade que nos deu um orgulho muito grande. Termos a capacidade para executá-la revela o conhecimento que temos com mais de 50 anos na carpintaria naval”, afirmou emocionado Jaime Costa, que relembrou ainda que esta obra, cujo trabalho demorou meses e é fruto de uma vontade da com mais de 3 anos.
Durante a cerimónia foi ainda celebrado o contrato de doação de uma réplica do Bote Leão, construída pelo alcochetano Francisco Gregório que, a partir desta data, passou a integrar o espólio da câmara municipal e vai estar patente ao público a partir do dia 29 de janeiro, data da reabertura do núcleo sede do museu municipal.
O Bote Leão foi ainda um dos sonhos elencados por Luís Miguel Franco que, ao longo da sua intervenção, elencou os projetos já concretizados e que, ao longo destes 12 anos, têm consolidado a visão para o concelho de Alcochete. A biblioteca de Alcochete, o complexo desportivo e de lazer do Valbom, o centro de saúde no Samouco, o centro escolar em São Francisco e a nova frente ribeirinha foram outros sonhos que, juntamente ao Bote Leão, foram recordados pelo autarca neste dia histórico.
Com cerca de 40 anos de dedicação ao poder local democrático à freguesia e população do Samouco, António Almeirim foi homenageado nesta sessão solene com a atribuição da medalha D. Manuel I. O autarca que está a completar o terceiro mandato consecutivo nos desígnios da junta de freguesia de Samouco, destacou que o trabalho realizado nunca é feito apenas por uma pessoa e, por isso, considerou que esta foi uma homenagem ao coletivo e ao trabalho que tem sido realizado no Samouco desde a instauração do poder local democrático.
“Gostava ainda de deixar um agradecimento ao Capitão Salgueiro Maia que, juntamente com os militares restituíram a liberdade do povo e me permitiam estar aqui hoje, ao Dr. Álvaro Cunhal que me transmitiu tantos bons valores e ao meu pai, também ele militante comunista, que depois de sair das prisões da polícia política deu-me a primeira definição do que era ser comunista e o que poderia vir a ser o comunismo”, disse António Almeirim numa retrospetiva aos valores que o sempre guiaram na sua vida política.
A completarem 30 anos de serviço na câmara municipal, os funcionários Álvaro Oliveira, Américo Pardal, António Bernardo, Dulce Boieiro, Maria José Cruz, Maria Helena Samouqueiro e Vítor Carvalheira foram distinguidos com a atribuição da medalha municipal de bons serviços por uma vida profissional dedicada ao serviço público.
E num dia de exaltação do passado e de valorização de quem engrandece o concelho no presente, o presidente da câmara municipal referiu ainda “o concelho de Alcochete vai confrontar-se, em breve, com grandes desafios. Desafios que terão de ser enfrentados com visão, com planeamento e com coragem. Só assim esses desafios podem transformar-se em oportunidades, podem tornar o nosso território mais atrativo e aumentar os centros de empregabilidade. Só assim esses desafios podem reforçar a nossa vocação turística e respeitar o nosso património ambiental. Só assim esses desafios respeitarão a nossa identidade, a nossa cultura e a nossa qualidade de vida”.
A sessão solene do 119.º aniversário da Restauração do Concelho terminou com a atuação de Luís Sequeira.